Renato Gaúcho está de volta aos braços dos tricolores. E com vitória, do jeito que a torcida se acostumou a ver o Grêmio embalado pelo maior ídolo de sua história em solo gaúcho. O palco já não é mais o Olímpico. Agora ele foi abraçado numa moderna arena que leva o nome do clube. Como uma reverência ao treinador no dia em que ele voltou a comandar o time em Porto Alegre – estreou contra o Atlético-PR, no Paraná -, Vargas fez o que Renato sabia bem: gols. Foram dois. Seedorf, com uma pintura, diminuiu o placar para 2 a 1, em partida válida pela sétima rodada do Campeonato BrasileiroO tempo, porém, é outro. E Renato não ouve só gritos de incentivo, explosão de alegria e ovação. Conhecido pela fama de conquistador, terá de conviver com os elogios aos montes para sua filha Carol Portaluppi, de 19 anos, como o cartaz que dizia: “Carol, esse cara sou eu”. Ela estava lá, ao lado de familiares do técnico, acompanhando a partida do estádio. Depois, Carol apareceu na sala de entrevista para ver a coletiva do pai, que saiu satisfeito com o resultado da partida.
– O mais importante foi que, em dois jogos, somamos quatro pontos (contando empate com Atlético-PR). Hoje foi o líder, um bom time e um ótimo técnico. Foi um difícil dever de casa. Prevaleceu a força de vontade dos jogadores. O quem mais gostei foi a pegada do time – disse Renato Gaúcho.
Por outro lado, os botafoguenses reclamaram muito do segundo gol marcado por Vargas. O assistente Marcelo van Gasse marcou impedimento, mas o árbitro Paulo Cesar Oliveira validou o lance e gerou questionamentos.
– Todo mundo parou quando ele levantou a bandeira. Isso é automático. Ali, a gente não sabe se o cara está ou não impedido. O que não pode é ele ficar com a bandeira erguida e o árbitro não marcar impedimento – comentou Rafael Marques.
Com a vitória, o Grêmio chegou a 12 pontos e pulou para o sexto lugar. O Botafogo, por sua vez, perdeu a liderança para o Coritiba, que venceu o clássico contra o Atlético-PR, e caiu para terceiro. O Tricolor voltará a campo no próximo sábado, às 18h30m, contra o Criciúma, no Heriberto Hülse. Os alvinegros recebem o Náutico em São Januário, no mesmo dia, às 21h.
Vargas em dia de Renato Gaúcho
Foram cinco minutos nos quais o Botafogo parecia estar em casa. Na alternância tática de jogadores na frente, o volante Renato apareceu como elemento surpresa para mostrar que a festa para o Renato treinador pouco importava para os alvinegros. A finalização de primeira passou por cima do gol. Depois foi a vez de Lodeiro surgir na área adversária. Não fosse uma furada no momento do chute, uma gota de água cairia no chope tricolor.
Mas a torcida tricolor não demorou até encontrar motivos para sorrir. Alex Telles cruzou da esquerda para Vargas chutar de primeira e mostrar que, em tarde de festa para Renato, é assim que a coisa precisa funcionar.
O problema era combinar isso tudo com Seedorf. O holandês distribuía passes com a facilidade que lhe é peculiar. No entanto, o ataque não funcionava num primeiro tempo bem apagado de Lodeiro. Vitinho arriscava os lances em velocidade, mas faltava o toque final. Então Seedorf pegou a bola, driblou dois adversários e fez um golaço. Pior para o goleiro Dida, seu ex-companheiro de Milan.
Aí veio uma falta. Estava lá o mesmo Alex Telles, dono de uma assistência, para mandar para a área. A defesa tirou parcialmente, Werley insistiu em devolver para a área, e Kleber foi na direção da bola. Mas Vargas queria angariar mais pontos com o chefe e, de novo de primeira, mostrou que em tarde de Renato, é assim que a coisa precisa funcionar. O problema é que o bandeirinha Marcelo Van Gasse havia marcado impedimento de Kleber. O árbitro Paulo Cesar Oliveira chamou a responsabilidade e validou o lance. Van Gasse disse: “Ele está certo”. Só não convenceu os alvinegros, que reclamaram muito.
Pressão do Botafogo
A chuva que caía na Arena Grêmio apertou no segundo tempo. E o chope começava a ficar com cara de aguado. O Botafogo passou a pressionar com intensidade, com posse de bola superior. A defesa segurava como era possível. Contava também com a tarde pouco inspirada de Lodeiro e Vitinho. O uruguaio errava passes fáceis e não ajudava a desenvolver as jogadas. Marcelo Mattos contribuiu. O volante perdeu um gol livre na área. Desta vez, Dida salvou. Mattos ainda levou um amarelo, e agora está suspenso para o próximo jogo.
Oswaldo de Oliveira percebeu e tratou de tirar Vitinho e Lodeiro para a entrada de Henrique e Elias. Continuaram os cruzamentos na área, os escanteios em sequência, mas um bloqueio da zaga adversária complicava a missão do Glorioso. Bressan chegou a tirar no limite o que seria um chute de Henrique quase na pequena área. Houve reclamação ainda de uma entrada forte de Zé Roberto em Lucas, o que tirou o lateral-direito da partida – Gilberto entrou no seu lugar – e não rendeu amarelo para o experiente meia.
A torcida ficou apreensiva. Os gritos mais altos eram ouvidos só nos momentos em que Bolívar, ex-Inter, dominava sozinho no campo defensivo. Os minutos passaram, Henrique perdeu outra boa chance. Vargas saiu para Cris reforçar a zaga. Depois de 50 minutos de segundo tempo, o árbitro encerrou a partida, para festa dos torcedores na Arena. Em tarde de Renato, é assim que a coisa precisa funcionar.