Edson teria sido reconhecido por dono de academia como um dos assaltantes; Família nega.
Familiares do adolescente Edson Ferreira Santana, de 18 anos, bloquearam a principal avenida do Santa Amélia em protesto ao assassinato do jovem, morto na última terça-feira (16), com um tiro de pistola durante uma tentativa de assalto a um posto de combustíveis.
Os manifestantes contradizem a versão da polícia de que o garoto era um dos integrantes do assalto ao posto e dizem que Edson foi vítima de bala perdida. “Ele era um menino de bem, passou o dia comigo cortando uma árvore em frente a uma auto-escola e depois foi brincar de bola de gude. Na hora do assalto ele foi ver o que estava acontecendo, assim como outras pessoas. Foi neste momento que ele foi atingido”, relatou Antônio Ferreira, morador do Santa Amélia, que conhecia a vítima.
Revoltados, os moradores bloquearam a via e pedem explicações e um novo depoimento do dono de uma academia assaltada momentos antes, no Barro Duro, e que teria reconhecido Edson como um dos integrantes do bando. “Eles (policiais da Força Nacional) ficaram tirando onda com a minha cara no HGE dizendo que meu filho era bandido, enquanto eu estava sofrendo com meu filho baleado. Além disso, as cápsulas da arma que matou meu filho sumiram”, denuncia a mãe de Edson, Zenir Ferreira Santana, que não soube relatar o nome dos policiais da FN e afirma ter ido à delegacia reclamar do sumiço das cápsulas.
Zenir disse ainda que a arma usada pelo vigia do posto de combustíveis contra os assaltantes – e que terminou atingindo seu filho – era de grosso calibre e usada somente por policiais. Ainda na versão dela, o vigia não voltou ao posto de combustíveis desde o episódio. Os moradores acreditam que o vigia era policial e que, por essa razão, o caso pode não estar sendo investigado com o devido rigor.
Na terça-feira, dia 16, uma academia foi assaltada no Barro Duro. Policias que se exercitavam no local reagiram, atirando contra os criminosos. Um jovem apontado como um dos integrantes da quadrilha, José Roberto dos Santos, de 19 anos, foi preso. Roberto foi ferido com um tiro na perna. No dia seguinte ao assalto (17) outro jovem, Mário Sérgio Cavalcante, 22 anos, foi preso, também acusado de participação no roubo.
Na versão da mãe de Edson, o mesmo bando teria assaltado o posto de combustíveis no Santa Amélia momentos depois de assaltar a academia, durante a troca de tiros entre o vigilante do posto e os supostos assaltantes, Edson teria sido baleado por uma bala perdida. Também na troca de tiros o vigia teria acertado um disparo em um dos criminosos. No relatório do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods) a polícia não confirma que uma segunda pessoa ficou ferida e aponta Edson como o único atingido durante o tiroteio no Santa Amélia.
A mãe do jovem diz que Edson foi reconhecido pelo dono da academia e apontado como um dos criminosos. A mãe nega e diz que o filho estava brincando de bola de gude no momento do assalto. No protesto, os manifestantes pedem que a ‘imagem’ do jovem não seja atrelada ao crime.
O Alagoas24horas entrou em contato com um dos donos da academia que informou que em nenhum momento apontou Edson como autor do assalto. O elemento reconhecido foi um cidadão chamado de Neguinho, que teria, inclusive admitido a participação no assalto.
Atualizada às 12h07