O secretário de Estado da Saúde de Alagoas, Jorge Villas Boas, concedeu entrevista na manhã desta quinta-feira (1º) no auditório da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) sobre o aumento de 77% dos casos de diarreia em 25 dos 102 municípios alagoanos. O secretário acredita que o aumento exponencial do número de óbitos que chega a 51, registrados desde o dia 17 de maio, já está “quase controlado” e em queda há quase quatro semanas.
A redução, na visão do secretário, se deu por conta de uma ação em conjunto realizada com a Defesa Civil e a Companhia de Saneamento de Alagoas. As ações se concentraram em medidas de prevenção e assistência. “Já faz quatro semanas que a doença vem mantendo declínio aqui no Estado. Então podemos dizer que não é uma causa só que originou esse surto, é só observar o que aconteceu também nos outros estados de Paraíba e Pernambuco”, justifica o secretário.
A crise que atingiu o estado registrou 80 mil casos somente em 2013, onde foram registrados 51 óbitos até o último dia 29 de julho. Cerca de 29 óbitos foram de pessoas idosas onde mais da metade foram registrados nos municípios de Estrela de Alagoas, Palmeira dos Índios e Santana do Ipanema. A desidratação é a principal complicação dos pacientes que são vítimas de agentes etiológicos provocados por vírus e bactérias. Os principais casos registrados seriam de rotavírus.
Crianças menores de um ano também foram vítimas da doença, a Sesau informa que nessa faixa etária foram registrados 19 casos. “Sabemos que os idosos e as crianças são os principais afetados por conta da fragilidade”, complementa o secretario.
Para controlar a epidemia, a Secretaria aumentou a equipe formada por agentes de saúde nos principais municípios que foram alvos do surto. “Realizamos uma campanha de esclarecimento para a população distribuindo hipoclorito de sódio para o tratamento da água, pois não podemos admitir que em pleno século XXI haja morte por diarreia”, esclarece. O Estado distribuiu cerca de 500 mil frascos de hipoclorito de sódio para a população.
Segundo a superintendete Estadual de Vigilância em Saúde, Sandra Canuto, um dos fatores para o crescimento no número de casos seria a recente estiagem que acomete o Estado. “O vírus não são disseminados somente pela água, embora o fator preponderante tenha sido a estiagem em Alagoas que fez com que a população buscasse outras fontes. E isso pode ter contribuído para o aumento”, diz.
Tratamento errado da água
Outro fator que teria contribuído para a epidemia, segundo Sandra Canuto, seria a ausência de uma cultura popular de fervura da água nos municípios do Agreste e Sertão. Para ela, a população vítima da doença não utilizava o hipoclorito e nem tinha o costume de limpar as caixas de água. “Teve casos que acompanhamos em que a água encontrada para consumo estava armazenada em potes próximos ao banheiro”, exemplifica.
A Sesau informa que está de plantão 24 horas por dia para detectar os casos de óbitos. A secretaria diz que o pico da doença foi registrado no mês de junho, a partir de julho há uma queda no número de mortes. A secretaria garante ainda que as mortes serão investigadas para que sejam esclarecidos se houve também falha no sistema de assistência básica.