Cerca de 10 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência auditiva
Preocupada com a saúde auditiva da população e com o crescente uso de fones de ouvido, o Setor de Audiologia Educacional da Santa Casa de São Paulo oferecerá orientação na manhã deste domingo (15), no Parque Villa Lobos, onde serão feitos testes de volume com os fones de ouvido dos frequentadores do parque, informando-lhes sobre o uso correto e alguns cuidados com aparelhos de som. Também reunirão amigos e familiares de pessoas com deficiências na audição para desmistificar a condição dos surdos e gerar mais integração.
Estudo publicado pelo "Journal of the American Medical Association" analisou jovens americanos entre 12 e 19 anos pelo período de 15 anos, e constatou que houve um aumento de 30% na perda auditiva. O Censo do IBGE 2010 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que 9,7 milhões de brasileiros declararam ter algum tipo de deficiência auditiva, e já a OMS (Organização Mundial da Saúde) apresentou em 2011 que 28 milhões de pessoas possuíam algum tipo de acuidade auditiva no país.
Com os altos números, crescem as ações de prevenção e orientação para todas as idades. Durante a Caminhada, tudo será feito por uma equipe de fonoaudiólogos que distribuirão cartões com curiosidades sobre a surdez e farão a medição em uma boneca eletrônica nomeada Duda.
Com um sistema implantado na parte interna do ouvido da boneca, será possível verificar se o volume do fone usado pelo frequentador está acima do indicado. Atualmente, existe um consenso no uso máximo de 2/3 da capacidade total do aparelho, devido às variações de cada fabricante. A Dra. Cilmara Levy, Coordenadora do evento, afirma que vários cuidados devem ser tomados, como a escolha dos fones. "Os modelos de fones de ouvidos mais recomendados ainda são os abertos, que são aqueles maiores que cobrem toda a orelha. Eles possibilitam a exclusão dos barulhos externos e isso faz o indivíduo não aumentar tanto o volume".
A causa da surdez é variada, podendo ser de origem infecciosa, por meningite e outras doenças como a rubéola, pela exposição constante aos ruídos, ou genética, que vem tendo um aparecimento frequente. Ela pode ser adquirida após o nascimento ou ainda na barriga da mãe, como suspeita Sueli Rodrigues dos Santos, mãe de Bruna Rodrigues, 22, que possui baixa audição. Sueli só percebeu que a filha tinha dificuldades para ouvir quando completou 8 anos. Com os casos já existentes do tio e do avô, as duas foram procurar orientação médica.
Desde cedo, Sueli conta que teve dificuldades para inserir Bruna na escola, onde só começou a cursar o ensino fundamental aos 12 anos, apoiada pela autorização de uma juíza. Hoje, após receber da Santa Casa de São Paulo o aparelho auditivo, Bruna trabalha, estuda, namora e consegue levar a vida como qualquer outra pessoa. Mas ainda se lembra das dificuldades que passou e do preconceito da sociedade. "Na sala de aula os alunos sempre me olhavam meio diferente e eu ficava quieta, sozinha num canto. E hoje ainda não me acostumei a sair muito".
A Federação Mundial dos Surdos (sigla em inglês – WFD) afirma que existem 70 milhões de surdos no mundo e conta que 80% desta população vive em países desenvolvidos e tem dificuldades para se inserir na sociedade. Isso vem do desconhecimento da surdez e das possibilidades que eles possuem. O primeiro erro se refere às deficiências do surdo, tratado muitas vezes como mudo, e de outras incapacidades que as pessoas assimilam aos surdos como as deficiências cognitivas. "Uma pessoa surda é igualmente capaz como qualquer outra. Mas com o diagnóstico tardio fica mais difícil a aprendizagem, que é feita com base na oralidade", aponta Dra. Cilmara Levy.