Refugiados sírios no Líbano estão se valendo cada vez mais do trabalho infantil para sustentar suas famílias, disse uma diretora do Unicef, agência da ONU para a infância.
Refugiados sírios no Líbano estão se valendo cada vez mais do trabalho infantil para sustentar suas famílias, disse uma diretora do Unicef, agência da ONU para a infância.
Ao contrário de outros países anfitriões, o Líbano não tem campos de refugiados formais para oferecer uma rede de proteção aos sírios. Muitos estão trabalhando para assegurar comida, água potável e abrigo para suas famílias, e as crianças correm o risco de serem tiradas da escola para entrarem na força de trabalho.
"As famílias estão pobres e destituídas após dois anos e meio de guerra.Com frequência, para continuar morando aqui elas têm muitos gastos que precisam pagar, e o resultado é que as crianças têm de trabalhar", disse Maria Calivis, diretora regional do Unicef para o Oriente Médio e Norte da África.
"Muitas das crianças precisam de um salário para ajudar seus parentes a terem o suficiente para alimentá-las", acrescentou ela em entrevista na quinta-feira.
Calivis disse que, de cerca de 400 mil crianças registradas como refugiadas, apenas um quarto está matriculado em escolas públicas, e que cabe a organizações humanitárias atender as demais. Muitos dos alunos fora do sistema público moram em acampamentos informais, sem salas de aula permanentes.
O Líbano não autorizou órgãos humanitários a instalarem campos de refugiados normais, em parte por relutância em tornar a crise mais visível. Os libaneses também se lembram com pesar da sua experiência com campos de refugiados palestinos que receberam a infiltração de militantes durante a guerra civil do país, entre 1975 e 90.
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"Não podemos ter barracas permanentes (como salas de aula)", disse Calivis. "Toda noite, retiramos as tendas, e de manhã as montamos de novo. Então imagine, são 365 dias, levantando e desmontando tendas, para 300 mil alunos refugiados."
A ONU estima que haja 750 mil refugiados da síria no Líbano, e prevê que a cifra pode chegar a 1,6 milhão até o final de 2014, o que seria 37 por cento da população libanesa anterior à crise.