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Acusado de estuprar e matar irmãs vai a julgamento em mutirão

Promotor acredita na condenação de José Roberto Bezerra da Silva, acusado em 2009 de ter estuprado e matado duas crianças na região da Santa Amélia. Crime está sendo julgado na manhã de hoje na faculdade Maurício de Nassau.

Alagoas24horas

Mutirão foi marcado por reclamações

Vários crimes bárbaros ocorridos em Alagoas estão sendo julgados na manhã desta sexta-feira (25) na faculdade Maurício de Nassau. O mutirão realizado pelo Tribunal do Júri da 8ª Vara Criminal e coordenado pelo magistrado André Gêda tem por objetivo julgar cerca de 20 casos antigos e emblemáticos da Justiça.

Entre os casos que estão sendo julgados na instituição de ensino está o assassinato de duas crianças de 5 e 6 anos ocorridos no dia 4 de outubro de 2009. As irmãs Cassandra da Silva e Jaciara do Nascimento foram encontradas mortas em uma vala no bairro Santa Amélia. O assassino identificado como José Roberto Bezerra da Silva é réu confesso e na época chegou a admitir que estuprou e estrangulou as vítimas.

Na faculdade, estudantes, juízes e familiares das vítimas acompanharam os casos nas salas de estudo. O promotor do caso das irmãs do Santa Amélia, promotor José Antônio Malta Marques, chegou a criticar o lugar onde o julgamento estava sendo conduzido.

“Esse é um dos processos mais terríveis que já trabalhei em toda a minha vida, pois acredito que este caso deveria ser julgado no Tribunal do Júri e não no mutirão”, destaca o promotor.

Segundo José Antônio, o caso é delicado pelo fato de estarem presentes vários familiares das vítimas e pouca segurança policial no local. “Entendo que o mutirão é feito para dar celeridade aos processos e que o Conselho Nacional de Justiça exige isso, mas tem crimes emblemáticos que necessitam de segurança para que não haja uma inquietação dos envolvidos”, complementa.

Em toda instituição, apenas três policiais militares foram observados. De acordo com a assessoria da instituição, mais militares teriam sido solicitados para garantir a segurança dos estudantes, dos magistrados e dos familiares das vítimas.

Quando questionado sobre a demora no julgamento, após quatro anos, de um processo em que o réu é confesso, o promotor é sucinto e justifica dizendo que não faz diferença. “Nós estudamos com o mesmo afinco tanto o réu confesso quanto um que não é, até porque já nos acostumamos a observar que diante do juiz o réu declara que só confessou por pressão”, afirma.

Pelo crime registrado, José Roberto pode ser condenado até a 30 anos de prisão pelos dois assassinatos e pelo crime de ocultação de cadáver. "E eu tenho certeza que o conselho de sentença vai dar uma condenação que o réu mereça porque é um processo rico de fotos e de perícia", diz o promotor.

Demora e julgamentos suspensos
Pelo menos outros três julgamentos foram suspensos durante o mutirão por motivos diversos. Outro caso emblemático conhecido pela sociedade alagoana, a Chaicna do Solaris, também foi suspenso por ausência de magistrado.

O crime ocorrido em 1996 no Condomínio Solares I, no bairro de Cruz das Almas envolve a investigação de policiais que teriam matado 11 pessoas. Entre os envolvidos está o ex-secretário de Segurança Pública, José de Azevedo Amaral.

Nenhum dos envolvidos foi condenado até agora sob a alegação de estarem no exercício da função.