Gilberto Carvalho afirmou também que José Dirceu é uma pessoa 'exposta'. Presidente de uma das empresas que controlam hotel é panamenho pobre.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, defendeu nesta sexta-feira (6) a decisão do ex-ministro José Dirceu de desistir do emprego no hotel Saint Peter, em Brasília, com salário de R$ 20 mil. Segundo ele, uma pessoa exposta como Dirceu, tem o direito “de tomar a atitude que ela quiser”.
“Eu insisto em dizer a vocês que quando uma pessoa é exposta desse modo, ela tem o direito de tomar a atitude que ela quiser”, defendeu. Gilberto Carvalho ainda criticou “foco” em José Dirceu. “O que me impressiona por que o foco não é dado em questões que efetivamente atingem o interesse público e, no caso, se trata de uma situação absolutamente privada de um cidadão com uma empresa. Se o salário é de dez, é de 20, eu não vou discutir”.
Nesta terça (3), o Jornal Nacional localizou no Panamá, país da América Central, o homem que seria o presidente da empresa que administra o hotel. De acordo com reportagem do JN, a companhia controladora do Saint Peter é presidida por um panamenho que mora em uma área pobre da Cidade do Panamá e trabalha como auxiliar de escritório em uma empresa de advocacia.
Dois dias após a denúncia, o ex-ministro desistiu do emprego. Por meio de nota, o advogado de Dirceu disse que desistência se devia a “clima de linchamento midiático instalado contra José Dirceu e o hotel” e que Dirceu não considerava “justo” pessoas serem “transformadas em alvo de ódio e perseguição exclusivamente por gesto de generosidade”.
Condenado no processo do mensalão, Dirceu cumpre pena de 7 anos e 11 meses pelo crime de corrupção ativa em Brasília em regime semiaberto, quando é possível deixar o presídio para trabalhar de dia. O ex-chefe da Casa Civil também foi condenado a mais 2 anos e 11 meses por formação de quadrilha, mas não começou a cumprir a punição porque ingressou com recurso que só será julgado no ano que vem.
Viagens presidenciais
Gilberto Carvalho também negou que as viagens da presidente Dilma Rousseff tenham caráter de campanha – as eleições presidenciais ocorrerão em outubro de 2014. Segundo ele, as viagens seguem cronograma de entregas de obras e das demandas dos estados.
“Ninguém pode ficar nessa redoma de vidro apenas recebendo informações intermediárias. É muito importante o contato com as pessoas. Ouvir as pessoas, ouvir os protestos, dialogar, faz parte constitutiva da democracia, do nosso estilo popular de governar”, defendeu Gilberto.
“Ela viaja mais porque é natural que nos terceiro ano [de governo] você tenha entregas a fazer. Graças a Deus. Senão, não estaria viajando. Um governo que entrega e que não tem medo do povo tem que ter seu governante, de fato, em contato com as pessoas”, completou.