Um estudo divulgado em novembro pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) confirma que os presentes mais cobiçado pelos brasileiros são mesmo computadores, notebooks e tablets, com 51% da preferência. As crianças não fogem dessa tendência. Um reflexo disso são os lançamentos cada vez mais comuns de brinquedos infantis eletrônicos. São os casos, por exemplo, do tablet da Galinha Pintadinha, da Monster High e do Ben 10.
Para os pais mais resistentes a inserir tecnologia na rotina dos filhos, especialistas afirmam que os eletrônicos trazem uma série de benefícios para o desenvolvimento infantil por estimularem habilidades como raciocínio lógico, memória, formulação de estratégias e até mesmo sociabilidade. Mas é preciso ter cuidado na escolha do item.
“Vivemos em uma realidade cada vez mais individual, então o ideal é que os pais pensem em presentes e jogos eletrônicos que envolvam mais de uma pessoa. Dessa maneira, a criança pode brincar com amigos e com os próprios pais, desenvolvendo melhor esse lado afetivo”, explica Julia Milani, pedagoga especializada em Educação Infantil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), arteterapeuta e psicomotricista da Assessoria Educacional Terceiro Passo.
Embora tragam benefícios e sejam os preferidos pelos pequenos, os pais devem colocar a criança em contato com outros estímulos além dos eletrônicos. “Brinquedo legal é aquele que estimula a fantasia e a imaginação, seja ele eletrônico ou não. Não tem problema a criança ganhar um tablet, mas é importante que ela esteja em movimento sempre, conhecendo outros tipos de brincadeiras”, pontua Maria do Carmo Kobayashi, doutora em Educação e professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Novas experiências
Atentar à faixa etária também é fundamental para acertar na escolha do presente. “Os pais precisam reconhecer quais são as necessidades daquela criança e pensar em brinquedos que desafiem os limites daquele indivíduo em específico”, ensina Maria do Carmo.
Até os três anos de idade, por exemplo, é importante escolher brinquedos que estimulem a coordenação motora e os primeiros passos. Jogos e livros que familiarizam a criança com as primeiras noções de letramento também são indicados por desenvolverem o lado psíquico e intelectual.
Tudo isso deve sempre levar em consideração os interesses dos pequenos e o repertório de brinquedos que eles possuem, para evitar limitações de estímulos e repetições. “O papel do presente não é só satisfação, mas também apresentar à criança algo que ela ainda não conhece, abrir seus horizontes. O adulto deve motivar a descoberta de novas experiências”, diz a especialista Julia Milani.
A única regra, portanto, é que os pais incentivem a variedade de estímulos, experiências e brincadeiras, dos jogos eletrônicos aos brinquedos mais tradicionais. “Não existe brinquedo bom ou ruim. O que vai dar qualidade ao momento lúdico da criança é a presença de um adulto, fazendo a mediação da brincadeira”, completa Maria do Carmo.