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Intérprete de sinais culpa esquizofrenia por má atuação em cerimônia de Mandela

Thamsanqa Jantjie disse ter realizado gestos sem sentido após momentos de alucinação no palco de Johanesburgo.

AP

Jantjie disse que estava ouvindo vozes enquanto estava no palco em homenagem a Mandela

O sul-africano Thamsanqa Jantjie, de 34 anos, ganhou os holofotes na última terça-feira (11) após participar como intérprete de sinais na cerimônia de homenagem a Nelson Mandela, em Johanesburgo, na África do Sul. Acusado de ser um impostor, Jantjie defendeu-se alegando ter sofrido um "episódio esquizofrênico" e que estava "alucinado e ouvindo vozes". As declarações foram dadas à imprensa sul-africana.

Jantjie afirmou que toma remédios para o seu problema de saúde. Mas não saberia dizer por que a medicação não funcionou, talvez "pela magnitude do que fazia ou pela felicidade que sentia". "Não havia nada que eu pudesse fazer. Estava sozinho em uma situação perigosa. Tentei me controlar e não mostar ao mundo o que estava acontecendo. Sinto muito pela situação que eu me encontro", disse.

Ele teve bastante proeminência na cerimônia que foi transmitida para todo o mundo, tendo traduzido para a linguagem dos sinais os discursos de diversos líderes, como o presidente americano, Barack Obama. E foi classificado como uma fraude momentos depois de sua aparição. No entanto, em entrevista a uma rádio sul-africana, o intérprete – que trabalha para a empresa SA Interpreters – se disse satisfeito com seu desempenho. "Eu já fui intérprete em muitos eventos grandes", disse ele à Talk Radio 702. "Eu acho que eu sou um promotor da linguagem dos sinais."

A política Wilma Newhoudt-Druchen, a primeira parlamentar mulher surda da África do Sul, disse no Twitter: "Intérprete ligado ao CNA [partido governista Congresso Nacional Africano] no palco com vice-presidente do CNA está sinalizando apenas lixo. Ele não sabe fazer sinais. Por favor, tirem-no dali."

O CNA foi quem organizou o evento. Jantjie já havia trabalhado em outros dois eventos do partido no ano passado, que contaram com a presença do presidente do país, Jacob Zuma.

O Instituto de Tradutores da África do Sul diz que o intérprete já fora alvo de denúncias no passado, mas que o CNA nunca tomou nenhuma providência. As autoridades disseram estar investigando o caso. Na quarta-feira, o governo disse trabalhar para defender os direitos e a dignidade de pessoas com deficiências.