Jovens protestavam contra série de escândalos em Juazeiro do Norte. Presidente da Câmara afirmou que mau cheiro impedia a sessão.
Quatro adolescentes foram detidos após jogar lixo no plenário da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, no interior do Ceará, e interromper a sessão na tarde de quinta-feira (12). Segundo a Polícia Civil, os manifestantes interromperam a sessão com sacos de lixo trazidos da rua. Presidente em exercício da Casa, o vereador Darlan Lobo encerrou a sessão alegando que o mau cheiro do lixo não permitia a continuação das votações em pauta.
O grupo protestava contra uma série de escândalos e denúncias que os vereadores enfrentam nos últimos meses, como o chamado "escândalo da vassouras", que afastou do cargo o então presidente, o vereador Antônio de Lunga, por suspeita de fazer compra exagerada de material de limpeza para beneficiar empresários, segundo denúncia do Ministério Público. Houve, ainda, o "escândalo do ar-condicionado", que denunciou uma suposta fraude no contrato de R$ 1,2 milhão para manutenção de refrigeradores e aparelhos de ar-condicionado da Câmara de Juazeiro do Norte.
O vereador Capitão Vieira solicitou que o atual presidente da Câmara pedisse a prisão dos quatro adolescentes. Darlan Lobo, no entanto, se recusou a pedir a detenção dos manifestantes. "Trata-se de um protesto legítimo, e não de um ato de vandalismo. Nada foi destruído e não há motivo para haver prisão", justificou.
Após o protesto, os adolescentes foram detidos por guardas que fazem a segurança da Câmara e, em seguida, levados à Delegacia Regional da Polícia Civil. Eles prestaram depoimento e foram liberados em seguida.
Os adolescentes também pediam a anulação da sessão que absolveu o vereador Antônio de Lunga, que está afastado do cargo por decisão da Justiça até a conclusão das investigações.
Antes da sessão ser interrompida, os vereadores de Juazeiro do Norte aprovaram a mudança no regimento da Câmara que determina o fim do voto secreto entre os vereadores da cidade.
A votação do Código Tributário do Município – outro alvo de protestos por parte dos moradores, que temem um aumento na cobrança de imposto – não pôde ser concluído por causa da manifestação de quinta. O presidente Darlan Lobo deve definir na próxima semana uma nova data para a votação.