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Após condenação do atropelador de seu filho, Cissa Guimarães fala da volta ao Vídeo Show

"Isso me dá uma certa paz depois de tanta luta, depois de ver tanta injustiça por aí. Meu coração hoje não é só de mãe, mas é de 'mães' que passaram pelo que passei", disse ela, emocionada.

João Cotta/ Rede Globo

Cissa Guimarães: ‘Quero alcançar o coração dos entrevistados’

A noite desta sexta-feira (23) foi especial para Cissa Guimarães. Apos quatro anos ela conseguiu, finalmente, colocar a cabeça no travesseiro de forma mais tranquila. É que os envolvidos na morte do seu filho, Rafael Mascarenhas, finalmente foram presos. O atropelador Rafael Bussamra foi condenado a 7 anos de prisão e seu pai, Roberto Bussamra, recebeu pena de 8 por corrupção ativa. "Isso me dá uma certa paz depois de tanta luta, depois de ver tanta injustiça por aí. Meu coração hoje não é só de mãe, mas é de ‘mães’ que passaram pelo que passei", disse ela, emocionada.

A vida profissional da atriz e apresentadora também está prestes a dar uma reviravolta. Ela retorna ao Vídeo Show, programa em que ela trabalhou por 15 anos, ao lado de Miguel Falabella. Cissa terá um quadro só seu, de entrevistas com personalidades que fazem diferença. “Depois da morte do meu filho, eu quero ir mais além, mostrar o lado humano das pessoas”, diz ela que, no momento, substitui, ao lado de André Marques, a apresentadora Ana Maria Braga, de férias do Mais Você. Ela bateu um papo com a coluna sobre a volta ao programa diário, seus planos para 2015 e de como se sentiu acolhida pelo público após a morte do filho.

Como será a sua volta ao Vídeo Show?
Eu vou ter um quadro no programa, duas ou três vezes por semana, chamando ‘Gentem como a gente’. Vai ser a cereja do bolo, um papo bacana com alguém interessante. Não quero mais saber qual tratamento de beleza que a pessoa faz, o que ela leva na bolsa. Depois da morte do meu filho quero ir mais fundo, além. Quero alcançar o coração dos entrevistados, saber das atitudes deles perante a vida. Por mais famosa que a pessoa seja, ela é humana. Meu objetivo é fazer com quem estiver em casa assistindo pare, pense e sinta algo legal, tire algum exemplo para a vida.

Esse desejo nasceu depois que você apresentou o Viver com fé no GNT?
Um pouco, mas lá era tudo muito denso. No Vídeo Show será tudo com muita alegria. Tenho um pacto com ela.

Como nasceu esse ‘gentem’ que virou a sua marca e agora estará no título do quadro?
Foi uma brincadeira. Muitas pessoas falam errado. Usam o gente, mas colocam o verbo no plural. Eu decidi colocar o gente no plural, assim ninguém errava mais. Virou bordão!

Sua formação é de atriz, você continua atuando. Como virou repórter do Vídeo Show?
Em 1985, na novela Um sonho a mais, eu fiz uma personagem chamada Amélia Bicudo. Era uma repórter totalmente sem noção. Esquecia o microfone, sentava no colo do entrevistado. Uma vez, ela tinha que registrar um afogamento de dentro de um helicóptero. Eu resolvi me jogar no mar. O diretor ficou desesperado! Naquela época, não tinha essa coisa do repórter ser mais informal, fazer graça. Lembro que fui ao jornalismo da TV Globo para explicar que era uma brincadeira. Hoje, muitos jornalistas têm essa linha mais informal. Mas Amélia Bicudo e eu fomos as pioneiras nisso. Foi dessa personagem que Roberto Talma me convidou para fazer parte do programa, primeiro como locutora, depois como repórter.

Com esse seu jeito espontâneo, como é a reação o público quando te encontra?
O público sempre foi muito respeitoso comigo. Vou à feira, à academia, estou por aí. Converso com todo mundo. Pouquíssimas vezes sofri uma abordagem mais agressiva. Mas fui educando meus fãs, com carinho. Quando estou comendo ou conversando com alguém, por exemplo, peço para esperar. Se não falam ‘dá licença’, me interrompem, eu falo que a abordagem não foi legal. Se alguém chega com criança pequena e pede para eu tirar uma foto com ela no colo, eu explico que a criança nem deve saber quem sou eu, que eu nem sei se ela quer tirar foto comigo. Digo que tiro, mas com a criança no colo da mãe.

O carinho do público foi importante após a perda do Rafael?
Sim, eu me senti muito acolhida.

Sua passagem no Mais Você está sendo muito comentada. Como tem sido apresentar o programa?
André (Marques) é praticamente um filho, começou comigo no Vídeo Show. Somos cama e mesa . Fazia tempo que não nos víamos, mas nos reencontramos e foi uma festa. Rimos muito um do outro, o tempo todo.

Quais seus outros projetos para 2015?
Não devo fazer novela neste ano. Além do programa, em abril volto com a peça Doidas e Santas, em cartaz desde 2010. E quero ter um programa só meu. Esse é meu grande sonho.