Gustavo Alves de Andrade disse que foi vítima de uma 'armação' dos reeducandos. Ele teria ido visitar os detentos pela primeira vez quando os mesmos saíram da unidade armados.
O advogado Gustavo Alves de Andrade, preso no dia 14 deste mês, acusado de ter facilitado a fuga de quatro reeducandos do Presídio Baldomero Cavalcanti prestou, na manhã desta segunda-feira (26), esclarecimentos à sociedade alagoana na Associação dos Advogados Criminalistas de Alagoas (Acrimal), em Ponta Verde.
Andrade foi apontado pela Polícia Civil como o principal suspeito na fuga dos criminosos, justamente por estar presente na unidade prisional durante o evento que culminou com a saída dos presos. Durante a ação, considerada até então inusitada para a polícia, os presos renderam agentes penitenciários com armas de fogo.
“Estes foram os momentos mais difíceis da minha vida. Fui vítima, virei suspeito e fui severamente massacrado. Não fui sequer advogado constituído dos envolvidos e nem os conhecia”, desabafou o advogado.
Andrade ganhou liberdade no último domingo (25) após um habeas corpus acatado pelo desembargador Washington Luiz. A medida foi enviada pela Acrimal que questionou o procedimento de prisão em flagrante.
Em sua versão do ocorrido, Andrade voltou a defender que foi vítima de uma “armação” montada pelos detentos. Segundo ele, os criminosos teriam entrado em contato e negociado um encontro para acertar os honorários de uma possível defesa processual que custaria R$ 30 mil para cada um. “Eles chegaram até mim através do telefone celular e isso é uma coisa que infelizmente não podemos tapar os olhos para essa realidade. Pois, infelizmente, por mais que haja um combate veemente das autoridades, acontece”, explica.
Ainda de acordo com Andrade, a situação que parecia ser de rotina como sempre fez ao longo de 7 anos de carreira se tornou atípica logo após solicitar no presídio uma reunião com os reeducandos. “Eu nem era advogados deles, era então apenas o meu primeiro contato e quando cheguei ao sistema prisional e os chamei, como sempre fiz em mais de 7 anos de trabalho, notei que havia algo de diferente”, disse o advogado.
Após de ter dado nome ao fiscal, Andrade narra que houve um procedimento diferente em relação à transferência de presos para o parlatório – local onde os reeducandos são ouvidos pelos advogados. “Eles são retirados dos módulos e colocados no parlatório, aí é que somos autorizados a entrar. Nesse dia foi totalmente o contrário o procedimento, eles já vieram do módulo cinco já rendendo todo mundo… Achei que teria um tiroteio e temi pela minha vida”, narra Andrade.
A partir daí o advogado ressalta que cooperou com a polícia e chegou, inclusive, até a ceder o próprio telefone celular para mostrar que eles haviam ligado para ele. “99% dos advogados criminais recebem telefonemas de presidiários e ele não pode ser penalizados por uma falha do sistema prisional, pois qualquer advogado está sujeito a isso”, complementa o presidente da Acrimal, Thiago Pinheiro.
O presidente revela ainda que provas do circuito de filmagens do presídio serão anexadas ao processo bem como a quebra do sigilo telefônico do advogado que foi solicitada pelo Ministério Público Estadual. “O que questionamos aqui é que não tem um único agente penitenciário investigado ou mesmo um diretor, somente um advogado”, ressalta o presidente sobre os reais motivos da fuga.
Enquanto isso, os quatro criminosos: Alexsandro Marques de Messias, Diego Guedes de Correia, o “Diego Pistola”, Antônio Marcos Soares e Tiago Francisco da Silva permanecem foragidos da polícia.