Campanha começa nesta quarta-feira (28).
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em parceria com a Secretaria de Saúde de Maceió, promove nesta quarta-feira (27), às 10 horas, o lançamento da Campanha Mundial de Luta Contra a Hanseníase. A abertura da campanha irá ocorrer no II Centro de Saúde de Maceió, localizado no bairro do Poço, quando serão apresentadas as principais atividades que farão parte da programação da Campanha.
Programada para ocorrer até o dia 1º de fevereiro, a ação faz parte de um projeto de extensão universitária e contará com a participação de profissionais da saúde e estudantes de diversas universidades e faculdades parceiras do evento. Paralelamente, nas Estações Ferroviárias de Maceió e Rio Largo, também acontecem ações de conscientização sobre como prevenir a doença, com a distribuição de material educativo.
Já na quinta-feira (29), na Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), em Maceió, haverá atendimento médico e atividades educativas serão realizadas. Na sexta-feira (30), palestras com informações sobre os sintomas e sinais da doença serão ministradas em templos religiosos localizados nos dez Distritos de Saúde de Maceió.
A programação segue com uma busca ativa de sintomáticos da doença e encaminhamento de pacientes para exames nas unidades de Saúde. Pacientes que abandonaram o tratamento também serão visitados, em áreas cobertas pelo Programa de Saúde da Família (PSF), segundo informou a gerente de Agravos de Transmissão Respiratória e Sistemas de Informação da Sesau, Ednalva Araújo.
“As ações de mobilização contra a hanseníase visam chamar a atenção da população e da área de saúde pública. A doença tem tratamento pelo Sistema Único de Saúde e a eliminação da hanseníase está condicionada à qualidade dos serviços de saúde e a efetivação das ações que possibilitem o diagnóstico oportuno, o tratamento adequado e exames de contatos intradomiciliares”, afirmou a gerente.
Ainda de acordo com Ednalva Araújo, a doença ainda não está erradicada no Brasil. O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) também está envolvido em todo o País para a campanha de combate à doença e visando evitar o preconceito.
Para o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, os principais motivos para que a doença ainda não tenha sido erradicada são o preconceito e a falta de informação. "A hanseníase tem cura, o tratamento está disponível no SUS, mas o medo da discriminação ainda afasta pacientes das unidades de saúde e dificulta o diagnóstico e o tratamento da doença”, alertou.
Ainda de acordo com ele, essa situação é perigosa, “porque o diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento seja iniciado o quanto antes, interrompendo a transmissão da doença e afastando o risco de ocorrência de sequelas", explica, ao informar que o Morhan mantém uma linha telefônica gratuita para todo o Brasil, o Telehansen: 0800 026 2001.
A doença – A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e pode ser paucibacilar (PB) – quando o paciente apresenta de uma a cinco manchas pelo corpo – ou multibacilar (MB) – quando são encontradas mais de cinco manchas. Quando são paucibacilares, os pacientes não transmitem a doença.
Os multibacilares sem tratamento, porém, podem transmitir o bacilo através das secreções nasais ou saliva. Pacientes em tratamento regular e pessoas que já receberam alta não transmitem a doença. O período de incubação, da infecção à manifestação da doença, tem duração média de três anos e a evolução do quadro clínico depende do sistema imunológico do paciente.
Por essa característica, a hanseníase é mais comum em populações de baixa renda, desprovidas de condições adequadas de moradia, trabalho e transporte que tendem a contribuir para a disseminação do bacilo da doença para um número maior de pessoas.
Sintomas e Diagnóstico – Manchas brancas ou avermelhadas sem sensibilidade para frio, calor, dor e tato; Sensação de formigamento, dormência ou fisgadas; Aparecimento de caroços e placas pelo corpo; Dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; Diminuição da força muscular.
A identificação da doença é essencialmente clínica, feita a partir da observação da pele, de nervos periféricos e da história epidemiológica. Excepcionalmente são necessários exames laboratoriais complementares, como a baciloscopia ou biópsia cutânea.
A hanseníase tem cura e quando tratada em fase inicial não causa deformidades. O tratamento, denominado poliquimioterapia (PQT), é gratuito, administrado via oral e está disponível em unidades públicas de saúde de todo o Brasil. Para pacientes que apresentam a forma paucibacilar (PB) da doença, a duração do tratamento é de seis meses e para os que apresentam a forma multibacilar (MB), o tratamento dura um ano. Concluído o tratamento com regularidade, o paciente é liberado e é considerado curado.
Segundo o Ministério da Saúde, a cada ano, 30 mil pessoas são diagnosticadas com hanseníase em todo território nacional. Só em Alagoas, no ano passado, foram 282 novos casos. Os municípios que têm a maior concentração de casos diagnosticados são: Maceió, Arapiraca, Santana do Ipanema, União dos Palmares, Deliro Gouveia, Rio Largo, Penedo e Pilar.