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Cão especialista na busca de desaparecidos é aposta da PM no Vale

Cão especialista na busca de desaparecidos é aposta da PM no Vale

Nicole Melhado e Arquivo PM

Cão da raça Bold Hound, Mike, faz treinamento para encontrar pessoas desaparecidas

Um cão da raça Bold Hound é a aposta da Polícia Militar para as ações que envolvam a busca de desaparecidos no Vale do Paraíba. O filhote de um ano, trazido de Araçoiaba da Serra (SP), recebe treinamento no canil da PM, em Taubaté, e deve auxiliar os policiais do 3º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep) a partir do próximo ano.

Com o faro duas vezes mais apurado que os cães da raça Pastor Alemão, usados pela polícia em operações que envolvam conflitos e buscas de entorpecentes, o Bold Hound começou a ser treinado há 10 meses. Batizado de Mike, ele custou R$ 2,5 mil.

O adestrador, o soldado Marcelo Sansoni, explicou como os filhotes da raça são escolhidos e treinados pela polícia. “Depois de pequenos testes em uma ninhada, identificamos as características dos filhotes e quais podem servir à polícia. Com cerca de 45 dias eles são trazidos para o canil e o treinamento de cada animal varia de um ano e meio a dois anos”, explicou ao G1.

Ainda segundo Sansoni, o treinamento com cães da raça Bold Hound requer mais tempo e empenho que o do Pastor Alemão. “Os cães dessa raça são mais difíceis de adestrar. O treinamento de faro inicial é sempre feito em uma mata virgem, para não confundir o animal, por isso é sempre feito fora do batalhão”, explicou.

Locais como o canil, onde o treinamento também acontece, tem cheiro característico e diferente dos ambientes em que os cães normalmente vão fazer buscas, por isso o cuidado no treinamento inicial.

Aposentado

Mike não é o primeiro cão da raça a atuar no canil da PM na região. O Bold Hound Napoleão teve a aposentadoria antecipada por problemas de saúde no início de 2014. “Realmente sentimos muito em ter que aposentá-lo um ano mais cedo, com 7 anos, pois ele nos ajudou em muitos trabalhos. Por isso tentamos logo substituí-lo, pois esta raça é especialista em encontrar o que chamamos de particular em decomposição celular", contou.

Atualmente, nenhum cão da raça Bold Hound está em atuaçã no Vale, mas o canil da PM conta com outros 14 das raças Pastor Alemão Cinza e Pastor Alemão Belga de Malinóis.

No passado, a PM usava também cachorros da raça Rottweiler, que foram sendo reduzidos do canil nos últimos anos. “O Rottweiler é um cão bonito e que impõe presença, mas ele é mais pesado e acaba sendo menos ágil que o Pastor Alemão”, afirmou Sansoni. Um Rottweiler adulto pesa entre 50 e 60 kg, enquanto um Pastor Alemão pesa entre 30 e 40 kg.

Por dia, eles comem 800 gramas de ração – mais que o recomendado para para cães domésticos. Para mantê-los saudáveis, eles são vacinados e têm que estar sempre higienizados.

Para reduzir o estresse do trabalho, eles recebem banhos mornos e massagem relaxante. A escala de trabalho acompanha a do treinador – das 12 horas de ‘expediente’, 6 horas são de treino e 6 são horas de trabalho na rua, com 36 horas de descanso depois do trabalho. Cada soldado ou treinador pode ter até dois cães sob sua responsabilidade.
“O cão cria uma identificação, carinho e obediência e só atende os comandos do seu treinador”, explicou o adestrador. Ao se aposentar, com oito anos de serviço, o cão vai para a casa de seu adestrador ou pode ser colocado para doação.

Pastor Alemão

A trajetória ainda será longa para outro ‘recruta’ do canil, um Pastor Alemão batizado de Major. Ele também está em treinamento, assim como o cachorro Mike.

“Todo treinamento é uma jogo pra ele de estimulo, rotina e recompensa, que é sempre o carinho e o incentivo do adestrador”, disse o soldado Rodrigo Afonso Neves, um dos treinadores do canil.
Major ainda faz treinos apenas com seu brinquedo preferido, uma bolinha de tênis. Aos poucos mostras de entorpecentes são associadas ao objeto, assim o cão vai buscar a droga para ter como recompensa o brinquedo.

Para os treinadores, os cães são mais que ferramentas de trabalho, são amigos, companheiros e quase filhos. “É sim uma relação de domínio e obediência. O cão é reflexo do dono, se o cão é descontrolado e violento, certamente foi estimulado para isso”, disse Sansoni.