Categorias: Brasil

Com greve da PC, família leva 12h para obter guia e liberar corpo

O documento deve ser expedido em delegacias civis, mas, desde terça-feira, os escrivães e policiais civis estão parados.

TV Verdes

Silva (terceiro à direita) e amigos passaram a noite tentando conseguir documento

O pedreiro Francisco Marcelino da Silva levou mais de 12h para retirar a guia cadavérica para liberar o corpo do cunhado que sofreu um acidente de moto em Juazeiro do Norte, no Ceará e morreu nesta quinta-feira (5).

O documento deve ser expedido em delegacias civis, mas, desde terça-feira, os escrivães e policiais civis estão parados. Segundo o pedreiro, nenhuma delegacia de Juazeiro do Norte, a 495 km de Fortaleza, aceitava fazer a guia. A família chegou à primeira delegacia às 21h. “Rodamos a noite toda e não conseguimos nada. Só por volta das 9 horas de hoje conseguimos o documento”, disse.

Francisco Marcelino conta que conseguiu a guia na manhã desta sexta-feira no Instituto Médico Legal de Juazeiro do Norte porque os peritos forenses estão acumulando funções com a greve dos policiais civis. Apesar de conseguir o documento no IML, a família ainda teve de voltar a delegacia para ter a assinatura do delegado. “Tivemos que diminuir a duração do velório”, disse Mirialdo Pereira, um amigo da família.

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis, todas as delegacias da região do Cariri estão paradas. Na delegacia regional, localizada em Juazeiro do Norte, só está trabalhando o delegando e sendo somente atendido flagrante.

Negociação
Uma nova reunião entre Governo do Estado e Sindicatos dos Policiais Civis (Sinpoci), na Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), terminou sem definição, na manhã desta sexta-feira (6). O sindicato informou, em nota, que vai esperar retorno do governo sobre nova proposta entregue no encontro para deliberar sobre os rumos do movimento.

A proposta elaborada pelo Sinpoci nesta quinta-feira (5) e levada à PGJ pelo presidente da OAB-CE pede a não punição ao policial civil que participa do movimento grevista desde julho de 2011; devolução do dinheiro dos 199 policiais civis que tiveram seus salários descontados no início do mês de dezembro de 2011; alteração do artigo 35, referente às promoções a policiais civis que tenham nível superior; hora-extra constitucional; extinção do serviço extraordinário e reajuste salarial para que policiais civis ganhem o equivalente a 60% do subsídio de um delegado, que é R$ 7.500.

Na madrugada desta sexta, o Exército retirou grevistas da sede da Delegacia Geral da Polícia Civil e ocupou a entrada do prédio, mas os manifestantes retornaram ao local, onde permanecem concentrados. Grevistas fizeram uma "ronda" na noite desta quinta-feira (5) com o objetivo de parar 100% da categoria.

Os soldados do Exército, com fuzis em punho, fechando a porta da delegacia, impediam a entrada dos policiais. No 2º DP, na Aldeota, os manifestantes tentavam entrar para convencer o único escrivão de plantão a deixar o trabalho.

Entenda a paralisação
O Sinpoci orientou a categoria a parar 100% dos serviços na última terça-feira (3), poucas horas antes do fim da paralisação dos policiais militares, iniciada no dia 29 de dezembro. Segundo a presidente do Sindicato dos Policiais Civis do estado (Sinpoci), Inês Romero, a categoria volta as atividades apenas quando tiver as reinvindicações atendidas. “Por que os PMs têm a pauta atendida e a gente não? Vamos continuar sim”, disse Inês, informando que não foi avisada sobre a reunião entre governador.