Prestes a sentar no banco dos réus, no dia 30, na primeira audiência do processo que julga os assassinatos, Felipe Douglas Marins da Silva, de 20 anos, garante que não participou do crime.
Na madrugada de 6 de abril de 2011, uma van com homens armados foi até a comunidade Olavo Bilac, em Duque de Caxias. Eles obrigaram cinco pessoas a entrarem no veículo e seguiram para Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Na Rua Vieira Ferreira, três das vítimas foram baleadas e acabaram morrendo.
Prestes a sentar no banco dos réus, no dia 30, na primeira audiência do processo que julga os assassinatos, Felipe Douglas Marins da Silva, de 20 anos, garante que não participou do crime. A Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) indica que ele realmente pode não ter cometido os homicídios: Felipe está preso desde setembro de 2009. Ele ingressou no sistema penal estadual em novembro daquele ano, e só ganhou o benefício de visita ao lar em julho de 2011, três meses após o crime.
Felipe responde ao processo porque foi apontado por uma vítima. Apenas X., então com 15 anos, e o filho dela, de 2, sobreviveram ao crime de Bonsucesso. Na Divisão de Homicídios, X. indicou Felipe, numa foto mostrada a ela. A menor reconheceu ainda Aldemar Ferreira da Fonseca, que é foragido, como autor do crime. A defesa de Felipe garante que houve erro no reconhecimento feito por X.
Briga entre famílias causaram as mortes
As vítimas do crime de Bonsucesso foram Aridiney Gabriel, que morreu na hora, Tânia Regina Pinto de Souza e Jackson Alexandre da França Pinto. Esses dois últimos morreram no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, dias depois de terem sido baleados por pistolas calibre 9 milímetros.
Aridiney era pai de X., Tânia era madrasta da menor e Jackson era irmão da garota. O motivo do assassinato dos três teria sido uma briga entre famílias.
O foragido Aldemar teria cometido o crime por vingança. Para ele, foi o Aridiney o responsável pela morte de seu irmão, dias antes.
A defesa de Felipe Douglas alega que ele sequer conhecia os outros envolvidos no processo. Dois habeas corpus já foram impetrados, com a alegação de que ele estava preso no dia do crime de Bonsucesso.
No entanto, a Justiça negou os pedidos. Pesou o fato de o juiz Murilo André Kieling ainda não ter ouvido os envolvidos, além do fato de que Felipe estava na Penitenciária Plácido Sá Carvalho, na época do crime. A unidade é destinada a detentos que estão no regime semiaberto.
Em setembro do ano passado, ele foi transferido para o Presídio Pedro Melo e passou a cumprir pena em regime fechado. Agora, a sentença caberá ao Tribunal do Júri, da 3ª Vara Criminal.
Associação para o tráfico levou à prisão
Felipe Douglas foi condenado a três anos de reclusão por associação para o tráfico, em agosto de 2010. No ano anterior, policiais disseram ter encontrado com ele duas trouxinhas de maconha e uma folha contendo a contabilidade de parte do tráfico da Ilha do Governador.
Durante o julgamento, Felipe alegou ser usuário de drogas e negou que a folha apresentada pelos policiais estivesse em sua casa. Ainda sim, a juíza Claudia Pomarico Ribeiro, da 33 Vara Criminal, optou pela condenação dele. No ano passado, Felipe começou a responder pelo crime de Bonsucesso.
A mãe dele afirma que o filho ficou surpreso com a acusação.
— Ele chorou muito quando soube que estava sendo acusado. Ele sabe que é inocente, mas ninguém escuta. Parece que ele está vivendo um filme — diz Cristiane Marins.
A mulher diz ter certeza que o filho não está envolvido nos assassinatos, e espera que ele seja absolvido.
— Não entra na minha cabeça. Como é que pode? Se tem uma prova, o que estão esperando para inocentá-lo? — pergunta ela.