A vítima, que tem transtornos mentais, passava o dia acorrentado em um quarto nos fundos da casa da irmã, no interior do Ceará.
Um homem de 53 anos foi libertado na terça-feira (24) após 16 anos sendo mantido em cárcere privado pela própria família, no município de Acopiara, a 345 km de Fortaleza, sertão do Ceará.
A vítima tem transtornos mentais. Ele vivia trancado em um quarto nos fundos da casa da irmã e passava o dia acorrentado.
A polícia chegou ao local do cativeiro localizado na zona rural da cidade por meio de uma denúncia anônima. “Ele ficava preso em um quartinho nos fundos da casa em condições subumanas”, contou à reportagem do iG o delegado Marciliano Ribeiro, responsável pela apuração do caso.
Segundo o delegado, o quarto onde o homem estava aprisionado era utilizado pela família também como deposito para materiais de produção agrícola. Ele dividia o cômodo escuro da casa com ferramentas, fertilizantes e sementes. O chão do lugar é de cimento sem revestimento, as paredes e o teto têm vários buracos. O quarto não tem mobília, apenas uma rede onde a vítima dormia.
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Na delegacia, durante o depoimento, a irmã presa em flagrante contou que o irmão é agressivo por conta dos transtornos mentais. Segundo ela, o homem ameaçava outras pessoas, agredia animais e também costumava se flagelar.
“Ele realmente tem um déficit cognitivo. Nós encontramos três medicamentos de tarja preta. Estamos tentando descobrir se ele tinha acompanhamento médico”, afirmou Ribeiro.
Além dos remédios, a polícia também encontrou um cartão em nome da vítima, que era beneficiária de um auxilio previdenciário de um salário mínimo por mês. De acordo com o delegado, a irmã era a responsável por receber o dinheiro.
A irmã de 50 anos, em depoimento, disse que o irmão era agressivo. Com a mulher, foi encontrado o cartão de benefício previdenciário do irmão. “Ela recebia o benefício todos os meses. Nós entregamos o cartão a um outro parente dele”, disse Ribeiro.
O inquérito já foi instaurado. A mulher está presa na Delegacia de Acopiara e pode pegar de dois a cinco anos de prisão pelo crime de cárcere privado. A investigação deve ser concluída em dez dias. A polícia suspeita de que outros familiares tenham participação no caso. O homem está agora sob os cuidados de outro parente na mesma localidade em que já vivia.