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Na carta de demissão, Negromonte diz que nada foi provado

Documento deve ser entregue a Dilma às 11h, quando ministro tem encontro com a presidente.

Mário Negromonte

Na carta de demissão que deve entregar ainda esta manhã à presidente Dilma Rousseff, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, diz ser um aliado de primeira hora da presidente e sempre fiel – em uma referência a seu apoio, desde o início, à candidatura de Dilma. O GLOBO teve acesso ao texto de Negromonte, no qual ele agradece a presidente. Os dois têm uma reunião marcada para as 11h desta quinta-feira, ocasião em que o ministro deve oficializar a saída da pasta. O nome mais cotado até o momento para substituir Negromonte no cargo é o do líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro.

Na carta, Negromonte também comentou sobre os problemas políticos que tem enfrentado e a “batalha na mídia”, mas reforça que não foi comprovado nada contra ele e, por este motivo, tem a confiança do partido e do governo.

Negromonte declara também que volta para Câmara e afirma que a presidente sempre poderá contar com ele no que se refere aos projetos de desenvolvimento social do país. Ele reforça ainda que sempre se cumpriu os programas da pasta dentro do orçamento, em uma tentativa de rebater as críticas à sua gestão na pasta.

A amigos, ministro já havia dito que ‘não aguentava mais o tiroteio’

O Planalto já garantiu ao PP que o partido ficará no comando da pasta. O PP deve oficializar a indicação do líder da bancada. Negromonte também comunicou sua decisão ao presidente do partido, senador Francisco Dornelles (RJ), com quem tomou café da manhã nesta quinta-feira. Dornelles vai tratar com o Planalto da substituição no comando o ministério.

Nos últimos dois dias, Negromonte deixou claro aos mais próximos que não ficaria no governo. Para integrantes do seu grupo político, ele fez um desabafo e disse que “não aguentava mais o tiroteio” e que, por isso, “não tinha mais motivação para continuar”. Num jantar em sua residência, na terça-feira, ele chegou a confirmar o teor da conversa que teve com Dilma, na segunda-feira, em Salvador. Como revelou O GLOBO, nesse encontro na capital baiana Negromonte pôs seu cargo à disposição da presidente. Em dezembro do ano passado, ele já havia dito que não brigaria para continuar no cargo e que “não fica de joelhos para ninguém”.

As denúncias contra o ministro das Cidades

Em janeiro deste ano, O GLOBO publicou uma reportagem na qual mostra que o Ministério das Cidades deu preferência a emendas da Bahia, estado de Negromonte. Em novembro do ano passado, o jornal “O Estado de S. Paulo” mostrou que o Ministério das Cidades aprovou documento forjado para mudar um projeto de transporte para a Copa do Mundo de 2014, em Cuiabá, no Mato Grosso. De acordo com a denúncia, o documento foi adulterado com aval de Negromonte. Em depoimento no Senado, o ministro negou as denúncias.