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O homem que processou o Brasil é condenado à prisão

Depois de passar 30 anos em busca de uma indenização que estima em R$ 1 bilhão, Wolf Gruenberg foi condenado a nove anos de cadeia por formação de quadrilha, denunciação caluniosa e falsidade ideológica.

Camila Fontana/ÉPOCA

O LITIGANTE Wolf Gruenberg, fotografado na sede do Banco de la República Oriental del Uruguay, em São Paulo. “Sou um perseguido, e meus inimigos usam o Estado brasileiro para me atingir”, disse ele a ÉPOCA

A Justiça Federal de Porto Alegre (RS) condenou o empresário Wolf Gruenberg a nove anos, cinco meses e 22 dias de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica de documento particular e denunciação caluniosa. A sentença impõe ainda pena de cinco anos de prisão a Betty Gruenberg, mulher de Wolf. Dois funcionários do casal também foram condenados. O juiz José Paulo Baltazar Junior determinou, na mesma sentença, que os réus paguem multas cujos valores variam de R$ 39 mil a R$ 4,7 milhões. A sentença foi divulgada em 14 de fevereiro.

A condenação é o desfecho da Operação Mãos Dadas, detonada pela Polícia Federal em 2008, quando o casal Gruenberg foi preso em sua casa, em Porto Alegre, acusado de ludibriar a Justiça para obter uma indenização que supera R$ 1 bilhão a ser pago pela União.

O juiz Baltazar Junior ordenou a prisão preventiva de Wolf. E fixou o valor de R$ 30 milhões como pagamento de fiança, caso Wolf queira recorrer em liberdade. De acordo com a sentença assinada pelo juiz, "no presente caso, é necessária a imposição de fiança, pois esta constitui forma de vincular o réu ao processo, assegurando a aplicação da lei penal em eventual manutenção da condenação, bem como para garantir o pagamento da multa imposta".

Para garantir o pagamento das dívidas de empresas da família Gruenberg ao Fisco o juiz determinou o bloqueio dos bens do casal Gruenberg. O montante soma cerca de R$ 29 milhões.

O advogado da família Gruenberg, José Francisco de Fyschinger , disse que “a absurda rapidez com que a sentença foi publicada após o oferecimento dos extensos memoriais das defesas técnicas leva a uma conclusão segura: o magistrado (Baltazar Junior), infelizmente, é suspeito. No caso presente, fica muito clara a parcialidade, à vista da rapidez desproporcional com que [foram] examinados os memoriais. Tudo leva a crer que algumas deliberações foram tomadas depois de o magistrado ter sido procurado pela Revista Época”. Wolf vai recorrer da decisão.