Intervalo do jogo durou 35 minutos.
Chile e Gana empataram por 1 a 1 em um amistoso "vergonhoso" disputado na quarta-feira, conforme aponta o jornal de Santiago La Tercera. A definição, porém, não tem a ver com a qualidade da partida e sim com os fatos que a circundaram: o jogo mudou de estádio na última hora, teve arquibancadas vazias, quase não contou com transmissão televisiva e incluiu um princípio de greve dos jogadores ganenses no intervalo.
Segundo relata o diário, um dos fatos mais peculiares do amistoso foi a duração do intervalo (35 minutos). Ainda não há uma explicação unânime para isso: um integrante do plantel chileno disse que houve uma forte discussão no vestiário de Gana, com dois dirigentes dizendo para os jogadores não voltarem a campo se não houvesse um pagamento.
A controvérsia seria relacionada a uma possível negociação de última hora quanto aos pagamentos pendentes com a Federação de Futebol Ganense, o que o promotor do amistoso, Moses Kanduri, nega ser verdade. Em entrevista à Radio Cooperativa, o atacante ganês Emmanuel Baffoe afirmou que os atletas queriam retornar ao campo, mas lhe disseram para esperar; já o meia Richard Mpong culpou "um problema técnico" pelo atraso.
Essa, porém, foi apenas uma das polêmicas de quarta-feira. O jornal lista uma "longa cadeia de vergonhas", a começar pelo anúncio de um lugar para a realização do jogo (o Metlife Stadium, em Nova Jérsei) que jamais esteve confirmado.
Ao final, a partida foi organizada no Estádio PPL Park, em Chester, na Pensilvânia, para apenas 5 mil espectadores – muito longe das 80 mil prometidas no plano original, no Metlife. A mudança de sede só foi anunciada duas semanas antes do confronto. Além disso, não se vendeu publicidade estática para o jogo nem se negociou o sinal de televisão com as cadeias internacionais.
Assim, o amistoso da data Fifa simplesmente não pôde ser visto nos Estados Unidos. Isso obrigou a Associação Nacional de Futebol Profissional chilena (ANFP) a pagar para uma empresa local conseguir o sinal para a transmissão da rede Chilevisión, com sede em Santiago.
"O que é certo é que em termos econômicos e de organização a partida foi um desastre", resume o jornal, citando ainda que até o cartaz oficial da exibição tinha problemas, com um erro de ortografia: estava escrito "kick of" em vez de "kick off" (pontapé inicial).
O diário já esperava por coisas que fugiam ao padrão antes mesmo do duelo, quando divulgou que o promotor do amistoso, Moses Kanduri, era dono de bar e, portanto, não tinha experiência nesse tipo de eventos. O ganês, que havia adiantado à publicação que "seria um espetáculo único", acabou cumprindo a promessa – mas de uma maneira inversa.
Tentando se explicar, Kanduri argumentou ao veículo que "tudo foi muito em cima" e que não houve tempo para os promotores se preocuparem com "publicidade e televisão". Ele alegou ainda que "tudo foi caro e custou um monte de dinheiro, mas nada disso é comparado a comprar felicidade para o povo".
Por fim, ele se definiu "orgulhoso" pela organização do evento, que segundo o jornal ainda deve dinheiro à ANFP pela realização do amistoso. A entidade teria exigido a arrecadação com bilheteria como garantia do pagamento dos US$ 250 mil (R$ 428 mil) que haviam sido combinados – até aqui, o órgão só teria recebido a metade dessa bolsa.