Reizinho entra no segundo tempo e abre placar na vitória por 2 a 0 sobre Libertad em São Januário, em noite de ações contra o preconceito racial
O azul do uniforme foi uma cor destoante na festa em preto e branco do Vasco, que bateu o Libertad por 2 a 0 nesta quarta-feira, pela Libertadores. Depois que Dedé e Renato Silva foram alvo de ofensas racistas em Assunção, os torcedores prepararam várias ações contra o preconceito em São Januário. Pintaram seus rostos com metade de cada cor e vestiram a camisa lançada no ano passado, que comemora a luta do clube contra o racismo. Os jogadores também entraram com elas em campo e as atiraram para a torcida.
Com a bola rolando, o Vasco teve no primeiro e no segundo tempo duas atuações tão distintas quanto o branco e o preto. Preso e sem movimentação nos 45 minutos iniciais, foi presa fácil para a boa marcação dos paraguaios, que seguraram o 0 a 0 no novo placar, inaugurado nesta quarta. Após o intervalo, as entradas de Juninho e Allan deram dinâmica ao time, que construiu 2 a 0 – gols do Reizinho e de Alecsandro – e poderia ter feito outros gols. Eles fizeram falta na briga pela liderança nesta quarta rodada do Grupo 5. Vasco e Libertad têm números iguais de pontos (sete), saldo de gols (dois) e gols marcados (sete), mas os paraguaios levam a melhor no critério seguinte de desempate – gols marcados fora de casa.
Nacional-URU e Alianza Lima-PER, que completam a chave, também estão empatados, com três pontos, mas um jogo a menos. Eles se enfrentam na próxima terça-feira, em Montevidéu.
A próxima partida do Vasco pela Libertadores será no dia 3 de abril (uma terça-feira), contra o Alianza, em Lima. Depois, fecha a sua participação no grupo enfrentando o Nacional, também fora de casa. Os uruguaios serão os próximos adversários do Libertad, no dia 5 de abril, em Assunção. Pelo Campeonato Carioca, o Vasco pega o Resende no domingo, às 16h, em São Januário.
Falta de criatividade vascaína e marcação paraguaia
Prevendo uma retranca, o Vasco entrou em campo com uma formação diferente, com três atacantes, para tentar surpreender o Libertad. Wiliam Barbio ficava mais na esquerda, e Eder caía pela direita, com Felipe no meio e Juninho no banco. Mas o tiro saiu pela culatra. Quem parecia surpreso era o próprio time cruz-maltino, que tinha dificuldade de furar o forte bloqueio. Em uma formação que não havia sido testada em treinos, Barbio e Eder Luis pouco se movimentavam, e o meio-campo foi facilmente anulado pela marcação. Em 30 minutos, o Vasco deu apenas um chute a gol, em cobrança de falta de Eder Luis que desviou na barreira e foi para fora.
O Libertad, com três pontos de vantagem sobre o adversário na tabela, parecia satisfeito em ver o tempo passar. Bastante recuado, preocupava-se apenas em marcar e só ameaçava em contra-ataques. Conseguiu roubar 13 bolas apenas nos primeiros 45 minutos. E, quando não conseguia a bola, parava a jogada: foram 14 faltas. A dificuldade de troca de passes no campo de ataque do Vasco fez com que os zagueiros Dedé e Renato Silva ficassem com a bola a todo instante.
Nesse cenário de marcação forte paraguaia e de falta de criação do Vasco, o primeiro tempo foi um marasmo. Os donos da casa foram para o intervalo com um número impressionante de posse de bola (70%) e um número assustador de finalizações (três, igual ao Libertad). A única chance digna de registro na primeira etapa coube aos visitantes: em contra-ataque, Cinelli fez boa jogada individual, saiu na cara de Fernando Prass e bateu cruzado. A bola foi para fora.