Esther teve a carteira apreendida, foi multada em R$ 957,70 e acusada de estar bêbada.
Nas blitzes da Lei Seca, o limite aceito na hora de soprar o bafômetro é de 0,1mg de álcool por litro de ar. Mas, para Esther Naveira e Silva, a tolerância foi zero. E não só no teste de teor alcoólico. A analista de sistemas de 36 anos tem hemiplegia — o lado esquerdo do seu corpo é paralisado, e sua fala, prejudicada — e foi parada numa blitz, no Jardim Botânico, na madrugada da última quinta-feira. A impossibilidade física de soprar o bafômetro, a dificuldade para se comunicar, o adesivo indicando que o carro era conduzido por uma pessoa com deficiência, a afirmação de que não bebe, nada disso foi suficiente. Esther teve a carteira apreendida, foi multada em R$ 957,70 e acusada de estar bêbada.
Sozinha, sem ser entendida, Esther quase teve o carro apreendido e ficou a pé às 3h15m.
— Na hora, os agentes queriam levar o carro também. Insistiram muito, mas consegui que um amigo fosse me buscar no local — conta ela, ajudada pelo irmão, Lenilson.
Esther mora em Botafogo. Vive sozinha desde os 26 anos e dirige desde os 18. Ela acredita que, pela forma de falar e andar, os agentes acharam que estava embriagada. Além do adesivo, um código na carteira de habilitação indica que ela é portadora de deficiência.
— Eles viram o adesivo no carro, mas continuaram dizendo que eu estava bêbada e iam me multar — conta.
Após ser parada e não conseguir fazer o teste, Esther tentou, por quase uma hora, explicar aos agentes que não conseguiria soprar o bafômetro. Ela ainda tentou que um deles falasse ao telefone com sua mãe, mas eles teriam se negado.
— Sempre que for parada vou ter que passar por isso? — indaga ela.