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Alagoano disputa maratona em Milão, na Itália

Ele precisa correr 42km em menos de 2h 15m para sonhar com as Olimpíadas.

O alagoano Damião Ancelmo (esquerda) e Flávio Guimarães

Um dos nomes mais fortes das provas de rua no país, Damião Ancelmo e seu parceiro de equipe Flávio Guimarães tentarão amanhã um dos maiores desafios de suas vidas na Maratona de Milão, na Itália. Além de precisar completar os primeiros 42km de suas carreiras, eles buscam o índice olímpico (2h15m) para garantir presença em Londres, no dia 12 de agosto, no encerramento dos Jogos. O Brasil tem direito a três vagas e até agora só Marílson dos Santos já carimbou o passaporte.

Damião não acredita em sorte de principiante e sabe a importância de um bom treinamento. Tanto é que acabou de voltar de uma preparação de 30 dias em Cochabamba, cidade boliviana a mais de 2.500m de altitude. Seu treinador na tradicional equipe Pé de Vento, Henrique Viana, garante que o desempenho do atleta por lá foi melhor do que o esperado inicialmente.

A decisão de Damião em tentar a vaga nas Olimpíadas foi tomada este ano. Mas não pode ser considerada tardia em se tratando de um atleta que começou a correr aos 23 anos. Até então, ele levava a vida marcando gols pelo Fluminense de Paulo Jacinto, time de sua cidade natal, em Alagoas.

— Nesta época, fui chamado para participar de uma corrida no colégio em que estudava. Era um evento grande. Larguei devagar e fui passando um a um, terminei em segundo lugar e percebi que levava jeito para a corrida — conta o atleta. — Fui pedir ajuda ao prefeito, que era o zagueiro do meu time. Ele me deu um par de tênis e segui em frente.

Franck Caldeira na disputa

Depois disso, ele foi bicampeão brasileiro de Cross Country (2010 e 2011), o melhor do país na última edição da São Silvestre e campeão da Meia Maratona Foz do Iguaçu (2010). Ano passado, na Maratona de São Paulo, ele parou na segunda parte da prova.

— Não estava me sentindo bem e podia terminar a prova lesionado. O meu foco é o alto desempenho. É melhor parar antes e evitar o pior e não completar a prova no sacrifício e sofrer as consequências — explica Damião, de 32 anos, que já esteve na Itália, mas não conseguiu completar a Maratona de Turim.

Já Flávio prefere acreditar na sorte de principiante. Sem a mesma experiência e resultados que seu parceiro Damião, ele sabe que a maratona é uma caixinha de surpresas, o que é bem diferente das outras provas de atletismo.

— Meu treinador sempre diz que 42km é diferente. É uma prova imprevisível, que mexe demais com o psicológico dos corredores. Quem sabe, eu não consigo surpreender — anima-se Flávio, revelando seu verdadeiro foco. — Quero muito ir para Londres. Mas meu principal objetivo é Rio-2016. Estou com 28 anos e tenho tempo até lá.

Quem também tentará o índice olímpico em Milão é Franck Caldeira, medalhista de ouro no Pan do Rio (2007) e campeão da São Silvestre (2006).

Considerado o melhor maratonista brasileiro da atualidade, Marilson dos Santos não conquistou o índice qualificatório dentro do prazo estabelecido pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Mas sua vaga foi garantida por um outro critério, o da posição no ranking internacional em 2011.

Marilson irá correr a Maratona de Londres, no dia 22. Lá, Solonei Rocha, campeão no Pan de Guadalajara, é outro brasileiro em busca do índice e de olho nas duas vagas que restam para o país. Se mais atletas alcançarem a marca até o próximo dia 30, irão os donos dos dois melhores tempos.

Até o momento, o único que atingiu a marca dentro do prazo estabelecido pela CBAt foi Paulo Roberto de Almeida, que marcou 2h11m51s, em Barcelona. Entre as mulheres, apenas Adriana Aparecida correu abaixo de 2h30m07s (índice feminino). Ouro no Pan de Guadalajara, ela completou a últim Maratona de Tóquio em 2h29m17s.

O único pódio olímpico do Brasil em maratonas foi o bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima, em Atenas-2004. Ele liderava a corrida até que um padre irlandês o jogou no chão. Ao cruzar a linha de chegada, ele eternizou a prova na memória do mundo.