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Brasileiro vítima de arma de choque na Austrália é enterrado

Sepultamento foi no Cemitério do Araçá, na Zona Oeste da capital paulista. Ele vivia com a família em Higienópolis e estava em Sydney para estudar.

G1

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O corpo do estudante Roberto Laudisio Curti, de 21 anos, morto pela polícia de Sydney, na Austrália, foi enterrado neste domingo (15), no Cemitério do Araçá, em São Paulo. Curti morreu em 18 de março, um domingo, depois de sofrer vários choques de taser, uma arma paralisante usada pela polícia.

Em uma última homenagem, parentes e amigos fizeram uma salva de palmas e rezaram uma Ave-Maria e um Pai Nosso na hora do sepultamento. Sobre o caixão foi colocada uma bandeira do Palmeiras, time de Roberto. O cortejo foi acompanhado por dezeneas de pessoas. Alguns usavam uma camisa branca com uma hastag (estilo de frase que serve para identificar conversas em redes sociais): "#PRASEMPREBETÃO".

Pietro Bertolucci, estudante de 21 anos, afirmou que o amigo Roberto era muito querido. "Ele não tinha ódio no coração. A coisa mais importante para ele era estar perto dos amigos.". Bertollucci disse ainda que o sentimento é de injustiça e que espera que a verdade apareça.

Roberto vivia com a família em Higienópolis, na Zona Oeste de São Paulo, e estava em Sydney para estudar inglês.

As circunstâncias da morte ainda são apuradas, mas, segundo uma tia dele, Patrícia Laudisio, a família descarta a versão oficial. A polícia australiana alega que tentou imobilizar o jovem, que teria fugido após roubar um pacote de biscoito de uma loja de conveniência. “Em hipótese nenhuma, ele era de classe privilegiada”, disse, justificando porque ele não teria motivos para cometer o furto.

As imagens de uma câmera de segurança divulgadas pelo jornal australiano "Sydney Morning Herald" mostram uma pessoa sendo perseguida por seis policiais. Um dos agentes saca uma arma e mira. Amigos de Roberto disseram ao Consulado-Geral do Brasil em Sydney que o rapaz que aparece correndo no vídeo é diferente do brasileiro.

A vendedora da loja de conveniência deu pistas importantes. Contou que o rapaz parecia perturbado e conversou bastante com ela. Disse que o mundo iria acabar, depois pegou um pacote de biscoitos e saiu correndo. E ela deu outra informação importante: o rapaz estava sem camisa. Já os jornais de Sydney do dia 19 de março disseram que Roberto vestia uma camisa branca de manga curta.

Estudante
O brasileiro foi para a Austrália em junho do ano passado para estudar inglês. O rapaz tinha trancado o curso de administração na PUC de São Paulo para fazer a viagem. Roberto morava com uma irmã e o cunhado na Austrália. Na capital paulista, ele vivia com a família em Higienópolis, região central. Curti era órfão de pai e mãe, que morreram quando ele ainda era criança.

O jovem estudou no Colégio Santo Américo, na Zona Sul de São Paulo, e adorava jogar futebol no Club Athletico Paulistano, na região dos Jardins, segundo informações da tia. “Ele foi [para a Austrália] com a intenção de aprender o melhor inglês. Tinha um futuro brilhante pela frente, que foi interrompido”, lamentou a madrinha. “Ele era uma pessoa responsável e tinha todo o apoio nosso.”

Itamaraty
O Ministério de Relações Exteriores divulgou nota sobre o caso:

"O Governo brasileiro deplora a notícia da morte de cidadão brasileiro em circunstâncias ainda não esclarecidas durante operação policial em Sydney, na Austrália.

O Consulado-Geral do Brasil em Sydney e a Embaixada do Brasil em Camberra foram instruídos a prestar toda a solidariedade e apoio à família da vítima, bem como a solicitar os devidos esclarecimentos às autoridades australianas a respeito do ocorrido.

O Ministério das Relações Exteriores manifesta suas condolências à família do brasileiro morto e reafirma sua confiança de que as autoridades australianas conduzirão as investigações com o rigor necessário."