Alecsandro acertou uma bicicleta, num lance de extrema dificuldade e bastante plástico.
Se volta de São Paulo com um gol perdido inacreditável, que aumenta a frustração pela eliminação na Libertadores, o Vasco traz na bagagem também um gol de placa, daqueles que são lembrados por muito tempo. Alecsandro acertou uma bicicleta, num lance de extrema dificuldade e bastante plástico, construindo a vitória por 1 a 0 sobre a Portuguesa no Canindé, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro.
O gol, marcado num primeiro tempo de poucas emoções, deixa o Vasco com seis pontos, na liderança provisória. A derrota por 1 a 0 para o Corinthians, na quarta-feira, teve os seus efeitos. Diego Souza, que no Pacaembu falhou diante de Cássio após percorrer sozinho todo o campo de ataque, saiu de campo vaiado ao ser substituído por Carlos Alberto. E o time mostrou cansaço após o intervalo, sendo dominado pelo adversário. A Lusa, que teve 17 finalizações contra seis do adversário, não soube transformar a pressão em gol e soma um ponto na competição.
As duas equipes voltam a jogar pelo Brasileiro no dia 6 de junho, uma quarta-feira. O Vasco recebe o Náutico em São Januário, e a Portuguesa vai ao Couto Pereira enfrentar o Coritiba. Recém-contratado, o goleiro Dida esteve no Canindé assistindo à partida, poucas horas depois de fazer mais um treinamento no gramado.
Alecsandro, que marcou seu 18º gol em 28 jogos na temporada, disse que o Vasco saberá reagir após a queda na Libertadores:
– Esse gol é para presentear o empenho da equipe na Libertadores. Por isso chamei todos para comemorar. Fomos eliminados de uma maneira que, na verdade, não poderia ter acontecido. Fomos melhores do que o Corinthians. Saímos injustamente, e isso nos deixou tristes. Mas o grupo é guerreiro e vai reagir. É a cara do Vasco.
O atacante Rodriguinho lamentou que a Portuguesa não tenha tido melhor sorte em um jogo em que – a exemplo do empate por 1 a 1 com o Palmeiras – foi superior em alguns momentos.
– Estamos brigando de igual para igual com os times grandes, mas não estamos conseguindo vencer. Primeiro, vamos lutar para não sermos rebaixados. É tudo passo a passo. Só depois vamos pensar em outros objetivos, como vaga na Sul-Americana ou até mesmo Libertadores.
Vasco aposta no lado direito e consegue golaço
A Portuguesa começou tomando a iniciativa no ataque. O Vasco demorou a ajustar sua marcação e deu alguma liberdade ao time da casa, que não conseguiu criar chances claras de gol. Ricardo Jesus chegou a assustar, perdendo uma boa oportunidade. Mas, fora as investidas de Raí pela esquerda, a Lusa não se mostrava perigosa.
Aos poucos, o Vasco equilibrou o jogo, usando como recurso o toque de bola até que os espaços surgissem. E passou a lançar mão do lado direito, sua principal arma, como forma de levar perigo. E foi exatamente por ali que construiu a jogada que garantiria sua vitória, aos 21 minutos. Após tabela com Eder Luis, Fagner avançou pelo lado esquerdo. Mesmo derrubado por Raí, o lateral insistiu e cruzou para área. Alecsandro emendou de bicicleta, num chute cruzado que entrou do lado direito do goleiro Gledson. Um golaço.
A desvantagem obrigou a Portuguesa a se ir ao ataque, deixando alguns espaços que, entretanto, o Vasco não soube aproveitar. O time paulista tentava chegar com consistência, mas esbarrava na falta de um meio-campo criativo, que pudesse articular as jogadas. O camisa 10 Léo Silva – volante de origem – e Boquita não conseguiam fazer a função. Apesar dos três zagueiros, a Lusa não tinha os alas como força ofensiva.
Enquanto isso, o Vasco esperava o adversário para encaixar os contra-ataques. Apesar do esforço de Fagner e Eder Luis, sempre pela direita, o restante da equipe, principalmente os homens de meio-campo, continuavam a errar passes. Alecsandro teve uma boa chance de ampliar a vantagem, mas o primeiro tempo terminou logo depois que a Portuguesa teve sua melhor oportunidade. Fernando Prass fez boa defesa em chute cruzado de Boquita, aos 44 minutos.
Lusa pressiona e levanta bolas na área, sem sucesso
No segundo tempo, o técnico Geninho fez duas modificações que mudaram a cara da Portuguesa. As entradas de Michael e Ricardinho deram mais velocidade à equipe, que tomou as ações ofensivas e fez o Vasco se complicar. Mesmo aplicado e eficiente na marcação, o time cruz-maltino errava muitos passes e não conseguia contra-atacar com eficiência. Enquanto isso, a torcida vascaína – que tomava grande parte do Canindé – pedia a entrada de Carlos Alberto.
Aos 24 minutos, o meia entrou no lugar de Diego Souza, que saiu vaiado. Ao mesmo tempo, Cristóvão Borges trocou Fellipe Bastos por Chaparro. Apesar das mudanças, a partida seguiu com a Portuguesa dominando, pressionando o Vasco e criando muitas chances de ataque. No entanto, não mostrava competência nas finalizações.
Se cometeram uma falha decisiva na bola aérea contra o Corinthians, dessa vez os vascaínos – com Douglas no lugar de Rodolfo na segunda etapa – se saíram bem nos constantes cruzamentos na sua área. E contribuíram para a vitória no Canindé.