Apenas a IOFAL conseguiu autorização para voltar a atender pacientes com glaucoma em Maceió.
O sofrimento dos pacientes portadores de glaucoma de Alagoas parece estar próximo do fim, pelo menos para uma parcela. A esperança surgiu após a decisão da juíza Esther Manso, proferida na última terça-feira (19), autorizando o Instituto Oftalmológico de Alagoas (IOFAL) a dar assistência aos pacientes, oferecendo, além das consultas, exames e o colírio (cuja distribuição estava suspensa no Estado), essencial no tratamento da doença.
Pacientes como o radialista José Melo contam que há cinco meses estão sem receber o colírio, correndo, sem sucesso, de um lado para o outro para garantir o fornecimento gratuito do medicamento. “O jeito foi pagar do meu próprio bolso, sem condições, para não parar o tratamento e correr o risco de ficar cego. Depois de ingressar com ações na Defensoria Pública e mesmo após a decisão da Justiça, que obrigava a Secretaria de Saúde a fornecer os colírios, continuamos esperando sem notícia. Tivemos que realizar um cadastro na secretaria com a promessa de resolução do caso nos próximos dias”, desabafou Melo.
Na primeira decisão a Justiça determinou que o município arcasse com o tratamento dos pacientes glaucomatosos, já que o Programa do Glaucoma, executado pelas clínicas oftalmológicas, estava suspenso pelo Ministério da Saúde por suspeita de fraude. “O problema é que o secretário explicou que não tinha recursos suficientes para, sozinho, atender aos quase 20 mil pacientes de Maceió. O jeito é esperar para que a situação seja resolvida”, disse o aposentado Paulo Sérgio, paciente do IOFAL, antes de ser informado sobre a nova decisão da Justiça.
Para restabelecer o atendimento no IOFAL a assessoria de comunicação da clínica informou que foi preciso ingressar com recurso argumentando que a clínica não estava sendo alvo de investigação no esquema fraudulento do Programa do Glaucoma e que não existe nenhum inquérito instaurado. “A empresa também alegou que recorreu das auditorias realizadas pelo Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus) vinculado ao Ministério da Saúde, apresentando, assim, documentos que comprovaram a devida aplicação dos recursos recebidos pelo governo federal e a realização do tratamento para os pacientes que precisam tratar o glaucoma”, disse a nota da IOFAL.
A clínica afirmou que irá analisar a forma como o atendimento será retomado para em seguida informar aos pacientes.
Já os pacientes atendidos por outras clínicas terão que esperar. "Nem com ordem judicial conseguimos receber os colírios. Nos resta esperar com a preocupação de perdermos a visão ou tirar de onde não temos para comprar", lamenta José Melo.