Com Yao Ming na tribuna, seleção masculina chega à terceira vitória e deve decidir a vice-liderança do grupo B na segunda-feira, contra os espanhóis
Trinta e um anos, 2,29m de altura, muitos quilos sobrando pelo corpo, e um tornozelo que parece feito de porcelana chinesa. Yao Ming estava no ginásio, mas de camisa social, cumprindo suas funções de jogador aposentado e comentarista na tribuna de imprensa. A poucos metros dali, na quadra da Arena de basquete, a China sentia falta dele. E o Brasil aproveitava para passear. Após a derrota cruel para a Rússia, com cesta espírita nos segundos finais, a seleção de Rubén Magnano pegou um adversário que não assusta ninguém e teve seu primeiro jogo realmente tranquilo nas Olimpíadas de Londres. Venceu por 98 a 59 e turbinou o encontro com a Espanha, na segunda-feira, que deve decidir a vice-liderança do grupo B. E Yao que se vire para explicar a derrota humilhante em bom mandarim.
Classificada para as quartas de final, a equipe verde-amarela fecha a fase contra os espanhóis na segunda, às 16h (de Brasília). O SporTV transmite ao vivo, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os lances em Tempo Real. Com a invicta Rússia garantida em primeiro, o duelo vale o segundo lugar da chave, que pode render um cruzamento com a Argentina nas quartas e, caso passe, um confronto com os Estados Unidos nas semifinais. Quem ficar em terceiro pode pegar França e, se passar, Rússia.
– Deu para soltar mais alguns jogadores, inclusive eu, e usar outros que não vinham jogando tanto. Já, já, a gente vai precisar muito deles. Estamos crescendo. A estreia foi bem tensa, no segundo jogo já melhoramos um pouco, e contra a Rússia nem se fala. Hoje começamos muito fortes, e isso facilitou – afirmou o ala Marquinhos, cestinha brasileiro com 14 pontos.
Leandrinho e Giovannoni colaboraram com 13 cada, Tiago Splitter fez 12, e Marcelinho Machado ajudou com dez. Anderson Varejão fez nove pontos e liderou os rebotes com 13. O cestinha chinês foi Fangyu Zhu, com 13 pontos. O astro Yi Jianlian teve atuação discreta, com cinco pontos e seis rebotes.
Yao Ming não estava em quadra, mas Bob Donewald Jr estava à beira dela. O técnico da seleção da China é o polêmico americano que já passou pelo time do Guarujá, em São Paulo, e foi um dos pivôs de uma pancadaria num amistoso em 2010. Na ocasião, o Brasil era representado pelo time de Joinville, e o jogo contra a seleção de Donewald acabou em briga generalizada, à beira de um incidente diplomático.
Desta vez, o espírito olímpico não tem do que reclamar. A partida transcorreu sem sobressaltos, e desde o início o Brasil abriu a vantagem que garantiu o conforto para o restante do duelo. O lance que abriu o jogo até deu a entender que a tarde não seria fácil. Varejão precisou brigar por várias sobras de bola até subir e fazer 2 a 0. Foi só para soltar. Com direito a duas cravadas de Splitter, o placar pulou rápido para 11 a 3. Cortando a defesa chinesa feito faca na manteiga, o Brasil contou com boas atuações de Tiago e Leandrinho para fechar a parcial em 25 a 9.
No segundo quarto, um pequeno susto. O ataque emperrou, e a seleção demorou quatro minutos para fazer uma cesta. Veio numa enterrada de Nenê, que mais uma vez saiu do banco, como tem acontecido ao longo do torneio em Londres. Na metade do período, já cabiam duas dezenas de pontos no abismo entre um time e outro. Leandrinho ainda tentou um lance espetacular, arremessando por trás da tabela, mas a bola quicou no aro e não entrou. Nem era preciso. Dominando a tábua de rebotes, o Brasil foi para o intervalo com 42 a 21 no bolso.
Quando voltou do vestiário, nada de pé no freio. A vantagem passou da casa dos 30, enquanto Yao Ming continuava gastando seu mandarim na transmissão chinesa, certamente sem muitas explicações para o que acontecia na quadra. Na virada para o quarto final, o placar já era de 70 a 38.
A fome continuou no último período, com um toco espetacular de Varejão, que o locutor do ginásio creditou para Splitter. Sem problema, já que o pivô catarinense era um dos melhores em quadra, com 12 pontos àquela altura. Os chineses não se encontravam, erravam lances bobos, e o Brasil aproveitou para emplacar uma vantagem avassaladora. Quebrou a casa dos 40 de diferença com uma cesta de três de Marquinhos. Yao, com seus fones de ouvido, já recolhia os papéis na mesa. E a trupe de Magnano tomava fôlego com autoridade para encarar os espanhóis na segunda-feira.