Os lutadores chegam a ganhar R$ 400 por disputa.
Uma luta de MMA dentro de um templo da Renascer em Cristo
Igreja é lugar de reza, agradecer aquele milagre, pedir uma benção e, num templo de São Paulo, assistir a uma luta de MMA. Há quatro anos, a Renascer decidiu atrair novos fiéis organizando competições de luta. Pra buscar futuros Anderson Silva, a igreja procura atletas amadores em academias da cidade e nas escolas de artes marciais da própria Renascer. Cada lutador ganha R$ 400 pra entrar no octógono, montado nos fundos de um templo. Faixa preta de jiu-jitsu, o pastor Vagner Miguel, entre uma pregação e outra, dá aulas de lutas.
— A luta tem princípios como a disciplina, educação e respeito. Não formamos só atletas, mas também o caráter. É uma forma de o jovem não ficar na rua e se envolver com pessoas que possam trazer algum malefício — conta o pastor e professor, de 32 anos.
O sucesso dos eventos já começou a render frutos. Recentemente, um dos atletas foi convidado pra participar do Jungle Fight, o maior evento de MMA da América Latina. Mas leva nocaute quem acha que foi mole convencer os fiéis antigos da Renascer em ver a igreja virar um palco de luta. No início, os frequentadores mais resistentes ficaram com um pé atrás com os socos e pontapés dos atletas, invadindo o templo.
— Tivemos uma resistência no início. Mas hoje não existe mais esse preconceito. Nós praticamos um esporte, com regras. É algo sério — explica o lutador evangélico Roberto Jiraya, que venceu as duas lutas que disputou.
Nas competições da Renascer, não é preciso ser da igreja pra lutar nem evangélico. Fé mesmo só na vitória pra cima do adversário. Os lutadores são divididos de acordo com o peso, igualzinho no MMA. E assim como acontece nas competições tradicionais, não vale cabeçada, chute no saco ou puxar o cabelo. Mas algumas regras são alteradas pra preservar os atletas. Nas lutas da Renascer, não é permitido socar o rosto do adversário, quando os dois estiveram no chão nem golpes que possam machucar o joelho.