Mexicanos vencem por 2 a 1 e conquistam lugar mais alto do pódio. Jogadores da Seleção lamentam muito depois da primeira e fatal derrota
Como nos últimos 60 anos, o Brasil iniciou o torneio de futebol masculino das Olimpíadas de Londres garimpando pela medalha de ouro. E o garimpo da equipe de Mano Menezes ia bem. Com cinco vitórias, todas por três gols, a Seleção chegou neste sábado à decisão no estádio de Wembley embalada e favorita. Mas na última etapa do trabalho, garimpou errado. No último passo, em vez de encontrar o esperado ouro, achou pela terceira vez a prata. Com muitas falhas individuais e graças a uma atuação objetiva do México, que venceu por 2 a 1 com direito a gol aos 29 segundos.
Assim como em 1984, em Los Angeles, e em 1988, em Seul, a seleção brasileira ficou com o vice-campeonato olímpico (o país ainda tem duas medalhas de bronze, em 1996, em Atlanta, e 2008, em Pequim). A esperança de que a geração de Neymar & cia. acabasse com esse jejum e conquistasse o título que falta à galeria da Seleção era grande, mas o México, com um time bem entrosado – apesar do desfalque de Giovani dos Santos -, começou a acabar com o sonho verde e amarelo de maneira relâmpago.
O gol de Peralta, aos 29 segundos do primeiro tempo, desestabilizou o time de Mano Menezes. A falha do lateral-direito Rafael no lance abateu o grupo, que chegou a ter o comando da partida novamente, mas não foi efetivo como o adversário, que com Peralta assegurou o título ao fazer 2 a 0 aos 29 minutos do segundo tempo. Com essa vantagem, o México apenas administrou, enquanto os brasileiros se desesperaram. Juan, aliás, chegou a dar uma dura em Rafael após passe de letra já perto do apito final.
Valente, o Brasil foi para o tudo ou nada e diminuiu com Hulk, aos 46. Animado, o time verde e amarelo pressionou e teve uma chance (literalmente) de ouro com Oscar, na pequena área, mas o meia, sozinho, cabeceou para fora. Sem a tão sonhada medalha, a Seleção segue a preparação para a Copa do Mundo de 2014 já na próxima quarta-feira, contra a Suécia, em Estocolmo. O jogo é amistoso.
Falha relâmpago
O Brasil nem teve tempo de se encontrar em campo e logo de cara levou o gol mais rápido da história de uma final de torneio Fifa. Aos 29 segundos, Rafael errou passe na intermediária, Sandro estava desatento, e Aquino deu um leve toque até Peralta. O atacante recebeu na entrada da área e chutou colocado para vencer Gabriel, que estava mal colocado. O lance desarticulou por completo o time canarinho, que não conseguia chegar com força ao ataque.
O que ficava latente também era a distância entre as linhas de marcação da Seleção. Enquanto os mexicanos faziam rapidamente a recomposição, os brasileiros tinham dificuldade, facilitando a maior posse de bola dos rivais. A primeira chance clara da equipe canarinho aconteceu aos 19. Damião recebeu pela ponta e cruzou para Oscar. O apoiador girou no marcador e chutou em cima de Corona.
Preocupado com o andamento da partida, Mano Menezes colocou Hulk no aquecimento. Aos 31, o atacante entrou na partida na vaga de Alex Sandro. Dois minutos depois, Fabian fez jogada pelo meio e arriscou de fora da área. A bola passou por cima do gol. Inconformado com os espaços dados pela defesa, Thiago Silva deu uma dura nos companheiros, principalmente na dupla de volantes.
A entrada de Hulk deu uma melhorada no desempenho da Seleção. Aos 37, o atacante soltou a bomba da intermediária e o goleiro Corona espalmou para o lado. Na sobra, Damião finalizou e a bola voltou a raspar no arqueiro. Quase o empate. E mostras de que alteração havia surtido efeito.
No lance seguinte, aos 40, Damião recebeu na área e tocou para Marcelo já dentro da área. O lateral chegou batendo de primeira e a bola passou à direita do goleiro. No fim do primeiro tempo, Neymar ainda fez jogada individual e arriscou de fora da área. Mas a bola saiu pela linha de fundo.
Prata de novo
Antes mesmo do pontapé inicial para o segundo tempo, os jogadores da Seleção fizeram uma corrente na intermediária de defesa. Faltavam 45 minutos para o olimpo ou para o fracasso, a medalha de prata. Logo no primeiro minuto da etapa final, Hulk arrancou pela direita, passou por dois marcadores e foi derrubado na lateral da área. A cobrança parou na zaga mexicana, mas era um bom sinal para uma equipe que iniciou mal a decisão das Olimpíadas.
Mas ficou apenas no quase… O Brasil voltou a ter dificuldades para chegar ao gol mexicano. Neymar teve uma boa oportunidade aos 14. O atacante aproveitou sobra dentro da área, mas errou o alvo. A bola passou por cima do gol. Três minutos depois, Thiago Silva falhou e a bola sobrou para Fabian. O meia-atacante foi atrapalhado por Gabriel. Na sobra, finalizou de bicicleta e acertou o travessão.
O Brasil seguia com problemas, não conseguia criar os lances. Aos 25, Mano sacou Sandro e apostou na entrada de Alexandre Pato. A equipe passou até a jogar mais no campo do México, mas pecava pelo nervosismo, cometia erros bobos, principalmente em trocas de passes. E foi em um erro de marcação que o time da América Central fez o segundo gol.
Aos 29, em falta cometida por Marcelo na lateral, os mexicanos souberam aproveitar a bobeada da defesa, e Peralta fez o segundo, deixando cada vez mais distante o sonho do ouro olímpico. A partir daí, o nervosismo falou mais alto e a Seleção pouco criou para tentar diminuir o prejuízo.
No fim, Rafael cometeu mais um erro na lateral ao tentar um passe calcanhar. O lance originou uma falta na lateral da área da Seleção. Em seguida, Mano sacou o jogador para a entrada de Lucas. Foi aí que o atleta do Manchester United discutiu com Juan ainda no gramado de Wembley. Thiago Silva deu uma dura no companheiro, que deixou o campo batendo palmas.
Já nos acréscimos, a zaga deu um chutão e a bola sobrou para Hulk dentro da área. O jogador tocou na saída do goleiro e diminuiu para o Brasil. Oscar, no último minuto, teve a bola do jogo, mas, sozinho na pequena área, cabeceou para fora. No fim, festa do México que, assim como o Brasil, jamais havia conquistado a medalha de ouro no torneio de futebol masculino das Olimpíadas.