A confusão teve início quando autoridades se depararam com o bloqueio na AL 101 Sul e na BR 316.
Os movimentos sociais de Alagoas enviaram ao presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Sebastião Costa Filho, uma carta esclarecendo os fatos ocorridos no dia da visita da presidenta Dilma Rousseff a Maceió e pedindo desculpas às autoridades pelos transtornos.
O fato polêmico, que ganhou repercussão nacional, ocorreu na sexta-feira, 17. A confusão teve início quando autoridades como o presidente do TJ, Sebastião Costa Filho, desembargadora Nelma Padilha, senador Benedito de Lira, senador Renan Calheiros, secretário Álvaro Machado, entre outros, se depararam com o bloqueio na AL 101 Sul e na BR 316, promovido por servidores federais e trabalhadores rurais ligados a diversos movimentos.
A Polícia Militar utilizou a força para garantir o acesso das autoridades à solenidade de inauguração da nova fábrica da Braskem no polo industrial de Marechal.
Revoltados, os manifestantes jogaram paus e pedras nos veículos das autoridades, atingindo o veículo do TJ-AL. Em meio à confusão o desembargador-presidente chegou a descer do veículo e tomar um pedaço de pau das mãos de um sem-terra.
Na carta endereçada ao presidente do TJ-AL, os movimentos pedem desculpas e atribuem a parte da responsabilidade pelo episódio à assessoria da Presidência da República.
"Em virtude do lamentável incidente ocorrido no dia 17 de agosto, quando as
trabalhadoras e trabalhadores acompanhados pelos movimentos de lata pela terra e reforma agrária em Alagoas – foram dispersos pelo BOPE. com uso de bala de borracha e de bombas – envolvendo o veículo que transportava Vossa Excelência, acompanhado com alguns desembargadores, vimos nos retratar e desculpar-nos.
Reconhecemos que Vossa Excelência tem tratado a questão da reforma agrária com atenção e empenho desde a época que assumia a função de desembargador corregedor, quando apurou as irregularidades no cartório de Murici e opinou pela substituição da titular do cartório.
Na condição de desembargador presidente tem atuado com firmeza e
sensibilidade social para atenuar os conflitos agrários no estado, tornando-se um interlocutor essencial para evitar derramamento de sangue e preservar os direitos das famílias sem terra.
A Reforma Agrária é uma política do governo federal para diminuir as desigualdades e o sofrimento de milhares de homens, mulheres e crianças que tem nesta política de Estado a única condição para almejarem a dignidade humana. A Reforma Aerária é uma dívida social do governo brasileiro.
Vossa excelência tem acompanhado de perto a morosidade do Estado Brasileiro
em promover a Reforma Agrária e a opção por uma política de migalhas para os pobres, sem alterar as estruturas coloniais das capitanias hereditárias.
Lamentamos o acontecido com o veículo do Tribunal de Justiça e esperamos que não seja caracterizado como uma ação contra o Poder Judiciário e, muito menos, contra Vossa Excelência. Apostamos na continuidade do diálogo por conhecer a vossa grandeza e a sensibilidade com as vidas dos mais fragilizados e historicamente excluídos do direito a terra.
Por fim. queremos esclarecer alguns pontos para contribuir na leitura do
oconido não como um todo, mas como parte de uma situação criada pela assessoria da Presidência da República:
– No dia 16 de agosto, atendendo solicitação da presidenta da CUT Amélia
Fernandes, as coordenações dos movimentos do campo, reuniram-se com os assessores da Presidência da República, entre eles José Claudenor Vermohlen (Zeca), para discutir à respeito da participação durante a visita da presidenta Dilma para a inauguração da fábrica da Brasken, em Marechal Deodoro;
– Fornos informados que os manifestantes ficariam à 300m de distância
da presidenta e de seus convidados;
– Chegando ao trevo que dá acesso ao pólo, cerca de 10 km de distância do
local do evento, fomos abordados pela Polícia Militar de Alagoas, que impediu o acesso ao local definido pela assessoria da presidência;
– Entrando em contato com o assessor da presidência, José Claudenor
Vermohlen, informamos que fomos impedidos de chegar ao local pelo aparato policial, e o mesmo nos informou que a ordem do bloqueio partiu do Governo do Estado de Alagoas. Em contato telefónico com secretário do gabinete civil, Álvaro Machado, alegou-se que a ordem de não permitir o acesso veio da Presidência da República;
-A interdição da rodovia, era simplesmente para garantir o acesso ao local e a
entrega da pauta de reivindicação dos movimentos do campo; Ainda em processo de negociação, chega o Bope disparando balas de borrachas e bombas de efeito moral, numa verdadeira ação de guerra contra cerca de
250 trabalhadores, incluindo crianças, idosos e unia gestante."