Exibição acima da média dá título aos merengues graças ao critério de gols fora de casa. .
Bastaram 45 minutos de grande futebol para o Real Madrid colocar um ponto final às precoces desconfianças. É como se todas as críticas recebidas em pouco mais de uma semana de temporada pelo mau início se transformassem em inspiração nesta quarta-feira. Com uma exibição muito acima da média no primeiro tempo, a equipe de Cristiano Ronaldo derrotou o Barcelona, por 2 a 1, no Santiago Bernabéu, e conquistou a Supercopa da Espanha. O título veio no critério de desempate de gols fora de casa, já que os catalães haviam vencido por 3 a 2 na última quinta, no Camp Nou.Quem teve o privilégio de assistir ao superclássico viu uma grande exibição de Cristiano Ronaldo. O craque português marcou o segundo gol dos merengues com direito a um balão em Piqué e foi um dos destaques ao lado do volante alemão Sami Khedira e do lateral brasileiro Marcelo. O argentino Lionel Messi também deu suas caras com um golaço de falta, enquanto o compatriota Gonzalo Higuaín havia aberto o placar.Desta forma, o Real não só dá o troco da Supercopa de 2011, como também quebra um tabu em seu próprio estádio. A última vitória merengue em clássicos no Bernabéu havia acontecido no dia 7 de maio de 2008, pelo Campeonato Espanhol. Desde então, os catalães venceram cinco vezes, com dois empates.
Cristiano e Messi também conquistaram novas marcas com mais um embate. Ao lado do chileno Iván Zamorano, o português se tornou o segundo jogador a fazer gols em cinco clássicos consecutivos. Já o argentino se igualou a Raúl González, ídolo do Real, como segundo goleador máximo de toda a história dos superclássicos, com 15 gols. O líder ainda é Di Stéfano, com 18.
Um primeiro tempo muito real
Esqueça o Real Madrid que empatou com Valencia e perdeu para o Getafe em seus dois primeiros jogos no Campeonato Espanhol. Esqueça até mesmo o Real Madrid da última quinta-feira, quando foi derrotado com justiça pelo Barcelona no Camp Nou – e ainda encontrou um gol no fim graças a uma falha de Victor Valdés. Pois o que atuou – e atropelou – durante o primeiro tempo no Santiago Bernabéu já entrou para a história do clássico.
Você pode se assustar e achar um exagero, ainda mais ao descobrir que o placar parcial foi apenas de 2 a 1 para os donos da casa. Basta colocar o resultado na conta da imprevisibilidade do futebol. Em campo, o Real dominou do minuto inicial até o apito do árbitro Mateu Lahoz. Nesse intervalo, criou ao menos nove ótimas chances de gol. Marcou apenas dois gols, com Higuaín e Cristiano Ronaldo – e sofreu um até certo ponto injusto, quando Lionel Messi cobrou falta com perfeição para vencer Casillas.
O time de José Mourinho precisou apenas de 18 minutos para criar já uma grande vantagem. Aos seis, Higuaín recebeu de Marcelo e, em condição legal, perdeu frente a frente com Valdés. Ele não perdoaria mais um erro e abriria a contagem pouco depois, aos 11, ao aproveitar lançamento de Pepe e uma furada de Mascherano.
Já sentindo o título escapar das mãos, o Barcelona foi à frente e sofreu o segundo em um contra-ataque, talvez a sua maior fraqueza. Aos 18, Khedira colocou Cristiano Ronaldo no mano a mano com Piqué. O português tirou da cartola um lençol com o calcanhar antes de dominar e fuzilar. Valdés não conseguiu espalmar: 2 a 0.
Adriano é expulso, mas Messi desconta
O que já era uma vitória tranquila por pouco não se tornou goleada. Aos 21, Higuaín repetiu sua primeira jogada e vacilou cara a cara com o goleiro espanhol. Dois minutos depois, Pepe marcou de cabeça, mas teve o gol anulado por falta em Adriano.
O próprio Adriano seria personagem na sequência. Cristiano Ronaldo avançou livre em mais um contra-golpe e, quando ganhava na corrida, foi puxado. O lateral brasileiro, que atuava na direita por conta da ausência inesperada de Daniel Alves, levou o cartão vermelho.
Se o futebol respeitasse a lógica, a expulsão abriria as portas para um placar histórico a favor dos merengues. Mas o Barcelona, mesmo sem mostrar segurança, conseguiu descer para o vestiário com um semblante de alívio. Primeiro porque Messi, com uma linda cobrança de falta, diminuiu aos 44 minutos. E depois porque Valdés e a má pontaria mantiveram o Real "apenas" com dois gols.
Barça cresce e ameaça
Era de se esperar que o ritmo fosse outro na etapa final. Mas não tão diferente. O Barcelona voltou determinado a recuperar a posse de bola que lhe faltou em boa parte do primeiro tempo e o fez com sucesso. Tocava ali, tocava acolá e esperava por centímetros para que desse o bote.
O jogo se arrastou nessas condições até os 16 minutos. Foi quando o Barça atacou pela primeira vez com perigo. Pedro recebeu ótimo lançamento nas costas da zaga, mas viu Casillas sair bem do gol para abafar. O goleiro titular da Espanha teria o seu nome gritado minutos depois, novamente quando Pedro ganhou de Sergio Ramos, dessa vez pela direita.
A primeira grande aparição do Real no ataque saiu aos 23. E surpreendentemente com Khedira. O volante alemão arrancou pela direita e passou por três marcadores até concluir para a defesa de Valdés. Apesar da vantagem do gol fora de casa, era muito pouco para quem sobrou nos 45 minutos iniciais e ainda jogava com um homem a mais.
Real se segura e leva a taça
O lance despertou o Real. Àquela altura já era frequente ver Cristiano Ronaldo, Higuaín e Di María correndo atrás da bola ainda no campo ofensivo. A cada recuperada da posse o time recebia um incentivo extra das arquibancadas repletas de madrilenhos. Em uma delas, Xabi Alonso aproveitou para deixar Higuaín livre. O centroavante argentino bateu colocado, mas acertou a trave após leve desvio de Mascherano.
Se não matou o jogo, o Real teve de sofrer nos minutos finais. Aos 46, Tello recebeu na direita, invadiu a área e chutou forte. Casillas fez a defesa. Na pressão, o Barça ainda chegou com Messi, aos 47, mas a sua conclusão de canhota foi para fora, bem perto da trave direita do espanhol. Para os Deuses do Futebol, melhor que ela tenha saído.