Manifestações contra longa ofensivo se espalham em países muçulmanos. Protestos violentos ocorreram durante visita do papa Bento XVI ao Líbano.
Chega a 8 o número de mortos apenas nesta sexta-feira (14) em que milhares de muçulmanos protestaram, em vários países, contra um filme produzido nos Estados Unidos e que é acusado de ofender o Islã e o profeta Maomé.
Houve três mortes na Tunísia, uma no Líbano, país que recebe a visita do papa Bento XVI, três no Sudão e uma no Egito.
No Líbano, um manifestante morreu em confronto e 300 muçulmanos incendiaram um restaurante da rede de fast food KFC em Trípoli, no norte do país.
Em Cartum, no Sudão, cerca de 10 mil manifestantes atacaram as embaixadas britânica e alemã, que foi incendiada e teve sua bandeira nacional substituída por um símbolo islamita. Três manifestantes morreram em confrontos com a polícia, segundo a rádio estatal.
Em Túnis, capital da Tunísia, a polícia não conseguiu conter os manifestantes e muitos invadiram as dependências da embaixada americana, onde era possível ver uma densa fumaça preta em seu estacionamento.
Três pessoas morreram e 28 ficaram feridas, segundo balanço do Ministério da Saúde.
No Cairo, Egito, onde são registradas manifestações em frente à embaixada americana desde terça-feira, um manifestante de cerca de 35 anos morreu baleado próximo ao local.
Em Sanaa, no Iêmen, a polícia disparou para o ar para dispersar centenas de manifestantes que se aproximavam da embaixada americana, informou um correspondente. Também foram utilizados jatos d’água para dispersar os manifestantes reunidos a 500 metros da missão diplomática, onde a bandeira americana foi queimada.
Em Bangladesh, cerca de 10 mil manifestantes queimaram em Daca bandeiras americanas e israelenses e cercaram a embaixada dos Estados Unidos. Após a oração semanal, os manifestantes se reuniram em frente à mesquita de Baitul Mokaram, a mais importante do país.
Na Indonésia, aproximadamente 350 islamitas radicais protestaram em Jacarta contra a "declaração de guerra" representada pelo filme.
Na capital iraniana, Teerã, centenas de pessoas se reuniram, sob os gritos "Morte aos Estados Unidos" e "Morte a Israel", segundo imagens da televisão estatal.
Na Nigéria, a polícia precisou disparar para dispersar a multidão que se manifestava.
A poderosa Irmandade Muçulmana, do presidente egípcio Mohamed Morsi, retirou sua convocação para manifestações em todo o país, afirmando que vão organizar uma concentração simbólica no Cairo, na praça Tahrir.
Na Síria, que enfrenta uma crise política interna, cerca de 200 manifestantes organizaram um protesto em frente à embaixada americana em Damasco, que esta fechada há vários meses. Silenciosos, mostravam cartazes contra o filme.
Em Benghazi, leste da Líbia, o tráfego aéreo no aeroporto foi suspenso sem aviso prévio na madrugada de sexta-feira por motivos de segurança e posteriormente retomado, após o ataque de terça-feira contra o consulado americano, que resultou na morte do embaixador americano, Chris Stevens, e de outros três funcionários.
Vários países reforçaram a segurança das embaixadas americanas depois deste ataque.
A Índia, que possui uma importante minoria muçulmana, colocou em alerta seus efetivos enviados para os edifícios americanos.
A autoridade máxima religiosa muçulmana do Estado da Caxemira pediu aos cidadãos americanos que "abandonem imediatamente" a região.
No Afeganistão, as autoridades estão em alerta máxima e a maioria das embaixadas aumentaram suas medidas de segurança.
O Departamento de Estado dos EUA desaconselhou a seus residentes a ir para a Argélia por risco crescente de atentados. Contudo, as forças de segurança aumentaram sua presença nos arredores da embaixada em Argel.
O Pentágono também anunciou nesta sexta o envio de uma equipe de marines para ajudar a proteger sua embaixada no Iêmen.
A decisão de enviar 50 marines ao Iêmen é "uma medida de precaução", afirmou o porta-voz do Departamento de Defesa, George Little.
O presidente dos EUA, Barack Obama, apelou para que os EUA resistam à violência dos protestos.
Os incidentes ocorreram pouco depois do Papa Bento XVI desembarcar no Líbano para uma visita de três dias.
Na chegada, o Sumo Pontífice defendeu a convivência pacífica entre cristãos e muçulmanos e condenou o extremismo religioso.
Os manifestantes gritavam "Nós não queremos o papa" e "Sem mais insultos (ao Islã)".