Modelo é a primeira tentatida da Apple de criar um "minipc".
Ele não tem câmera, tampouco entrada USB. Não roda páginas em flash. Executa só uma tarefa por vez. Embora seja um portátil, não vem com GPS. A não ser que você use macacão, não entrará no seu bolso. A descrição cabe como uma luva no Macintosh Portable, primeira tentativa da Apple em criar um "minicomputador" –em 1989. Ou seja, legítima tecnologia pré-queda do Muro de Berlim.
Mas estamos falando do iPad, uma espécie de iPhone de Itu lançado no mais longo anúncio da história da tecnologia (começou no ano passado e só terminou hoje). Não há data fechada para chegada do aparelho no Brasil, embora esteja certo que seu modelo mais completo custará mais de R$ 1.600 por aqui.
É redundante dizer que tipo de máquina é possível comprar com essa quantia. Não só redundante: inútil. A Apple conseguiu criar um universo à parte, onde design, conforto e hype valem tanto quanto desempenho, utilidade e versatilidade.
Antes do anúncio, chegou-se a comparar (em tom de pilhéria) Steve Jobs e o tablet a Moisés e suas tábuas da lei. Entusiastas apostam que o novo brinquedo do profeta hi-tech vai exterminar com o mercado de eReaders e netbooks nos próximos meses (ou pelo menos pautá-lo). De quebra, salvaria os conglomerados de mídia, que precisam da renda das plataformas on-line para fechar as contas.
O roteiro paralelo por trás do lançamento de hoje justifica tamanho frisson. É a clássica saga do herói, na qual Jobs é o protagonista.
Um tipo raro de câncer no pâncreas o tirou da linha de frente da companhia no ano passado. A falta de informação e as dúvidas sobre seu estado de saúde chegaram a movimentar (negativamente) as ações da Apple –até mesmo um obituário vazou na mídia por engano.
Alguns meses depois, lá está ele de novo: camiseta preta de mangas compridas, gola alta, jeans e tênis, uniforme que utiliza há mais de uma década, brandindo a tábua da salvação ao vivo para o mundo inteiro.
Com um roteiro desses, quem precisa de entrada USB?