Jornalistas conhecerão roteiro em Alagoas
Com a estruturação do roteiro “Civilização do Açúcar”, a gastronomia, a cultura e a história do Brasil Colonial estarão ao alcance dos turistas que visitarem Alagoas, Paraíba e Pernambuco. Os três estados integram o projeto, que abrange mais de 20 municípios nordestinos, dentre eles a cidade de Coruripe, no litoral Sul alagoano, município costeiro que receberá no próximo dia 19 de março a presença de um grupo de jornalistas de todo o País.
Os cerca de 30 profissionais especializados em turismo e economia desembarcarão em Maceió a convite da revista Turismo & Negócios para participarem do Troféu Lagoa Mar e conhecerem parte do trecho alagoano do roteiro “Civilização do Açúcar”.
Guiados pelo editor da revista Turismo & Negócios, Antonio Noya, o grupo de jornalistas percorrerá, a partir das 8 horas, o roteiro da Civilização do Açúcar, com destino ao litoral Sul. A primeira parada será a moderna Usina Coruripe, localizada no município homônimo, situado a 180 km da capital alagoana. Além da visita pelas instalações, o grupo conhecerá o processo de produção do açúcar e do álcool (etanol) por meio de um vídeo institucional.
A próxima parada será o povoado de Pontal do Coruripe. O vilarejo de pescadores abriga uma associação de artesãs, que gera renda por meio da confecção de rendas com a palha do ouricuri, palmeira muito comum na região.
Na chegada ao local, o grupo será recepcionado na Praça do Farol por um grupo folclórico do município. Após o almoço, oferecido no Paradise Point, o grupo retornará à Maceió. O dia se encerrará com um jantar no Radisson Hotel.
História – Antes de ter sido um país identificado com o café, o Brasil assinalou sua presença na economia mundial pela produção de açúcar. Tanto assim que palavras como "melaço" e "mascavo" ou "mascavado", mesmo que transmudadas em formas anglicizadas (molasses, muscovado), logo se tornaram correntes no vocabulário do comércio internacional.
Entende-se por ciclo do açúcar a fase da história do Brasil marcada pela produção de açúcar nos engenhos nordestinos. Começou pouco depois da descoberta e acarretou profundas conseqüências sociológicas e culturais, até o século XVIII.
As formas de vida social, política e cultural decorrentes da economia açucareira no Nordeste constituíram matéria de numerosos estudos, um dos mais importantes é justamente o livro pioneiro de Gilberto Freire, Casa grande & senzala (1933), que reproduz com fidelidade esse período da história brasileira.
Durante a Idade Média, as poucas quantidades de açúcar consumidas na Europa procediam do Oriente, de onde é nativa a cana-de-açúcar, sendo o comércio desse artigo monopolizado por Veneza. Em meados do século XV a cana foi introduzida pelos portugueses na ilha da Madeira e pelos espanhóis nas Canárias.
Seu cultivo prosperou tanto que o açúcar das novas possessões ibéricas passou a chegar à Europa a preços muito baixos, popularizando o consumo de um produto que até então se limitara às moradias dos ricos, aos hospitais e aos boticários, que o utilizavam apenas como base de preparados farmacêuticos.
Estimulados pelos bons frutos colhidos com a concorrência à república veneziana, os portugueses trouxeram para o Brasil, logo depois da descoberta, as primeiras mudas de cana. Da capitania da qual se originaria São Paulo, a de São Vicente, por onde a planta entrou na colônia e onde se estabeleceram os primitivos engenhos, a cana-deaçúcar se irradiou sem demora por todo o litoral brasileiro.
Implantação dos engenhos. O primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia no Brasil foi instalado em São Paulo por volta de 1532. Três anos mais tarde já havia alguns outros funcionando em Pernambuco, onde iriam assumir extraordinária importância. Depois de 1550 começou a produção de açúcar na Bahia, cujos primeiros engenhos foram destruídos pelos índios. Na ilha de Itamaracá PE, em 1565, a produção já era florescente, e na década seguinte foram instalados os primeiros engenhos de Alagoas.
Segundo o pesquisador Diegues Junior, em Alagoas os engenhos surgiram em três núcleos, um no norte do Estado, em Porto Calvo; outro no centro, em torno das lagoas, onde foi fundado o então povoado de Maceió, e o terceiro no sul, na região de Penedo. Fatores históricos e econômicos levaram a desativação dos engenhos. Subsistiram aqueles que adotaram novas técnicas de plantio e moagem.
No final do século XVI, o Brasil já se convertera no maior produtor e fornecedor mundial de açúcar, com um artigo de melhor qualidade que o procedente da Índia e uma produção anual estimada em seis mil toneladas, cerca de noventa por cento das quais eram exportadas para Portugal e distribuídas na Europa.