O escândalo abalou a comunidade católica da cidade e repercutiu na CPI da Pedofilia, no Senado Federal, e no Vaticano.
As delegadas Bárbara Arraes e Maria Angelita, designadas pela direção-geral da Polícia Civil de Alagoas para presidir o inquérito que investiga denúncias de abuso sexual contra ex-coroinhas, cometidos por três religiosos que presidiam paróquias na cidade, colhem desde ontem depoimentos de testemunhas sobre o caso. O escândalo abalou a comunidade católica da cidade e repercutiu na CPI da Pedofilia, no Senado Federal, e no Vaticano.
O escândalo veio à tona após a divulgação de um vídeo em um programa do Sistema Brasileiro de Telecomunicações (SBT), que dava conta de um esquema de pedofilia envolvendo religiosos de Arapiraca.
Na denúncia, ex-coroinhas afirmam que foram aliciados e abusados sexualmente pelos monsenhores Raimundo Gomes, Luiz Marques Barbosa e pelo padre Edílson Buarque, quando ainda eram crianças. Como principal prova da acusação, as supostas vítimas gravaram um vídeo no qual o monsenhor Luiz Marques é flagrado mantendo relações sexuais com um jovem identificado como Fabiano, que 20 anos, dentro da casa do padre, construída com recursos da comunidade católica.
As delegadas colheram nesta quarta-feira, 24, o depoimento de cinco pessoas, entre elas a diretora de uma escola onde as vítimas estudavam, o ex-coroinha Flávio Ferreira, que diz ter sofrido abuso desde os oito anos, professores da escola, além do pai de Flávio. A diretora e os professores foram convocados para que fosse investigada a informação de que os padres eram os responsáveis pelo pagamento da mensalidade escolar das supostas vítimas.
Em contato com a reportagem do Alagoas24horas, a delegada Maria Angelita confirmou os depoimentos e disse que permanece em Arapiraca, cidade a 120 quilômetros de Maceió, onde novos depoimentos estão sendo colhidos na Central de Polícia da cidade. A delegada informou, ainda, que pediu a prorrogação do inquérito. O juiz da comarca de Arapiraca deve se pronunciar ainda hoje sobre a solicitação.
Os três padres envolvidos no escândalo foram afastados da atividade eclesiástica por determinação do bispo de Penedo, Dom Valério Breda, depois que as denúncias se tornaram públicas.
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, que apura denúncias de pedofilia, senador Magno Malta (PR/ES), anunciou que iria convocar os religiosos para depor na CPI e que aguarda apenas a conclusão do inquérito para enviar o caso à Polícia Federal.