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Ibama deve interferir em obras de shopping

O shopping será construido na Mangabeiras.

O anúncio da construção de um shopping nas imediações do lixão de Maceió continua repercutindo. O fato da aceleração no processo de construção pelas empresas Aliansce e Multiplan vem causando espanto à procuradora do Ministério Público Federal, Niédja Káspari, ambientalistas e a superintendente do IBAMA em Alagoas, Sandra Menezes.

As empresas garantiram que as obras serão iniciadas em 90 dias descartando, assim, estudos detalhados. A superintendente do IBAMA conta que uma obra deste vulto numa área tão problemática merece um estudo minucioso. “Como relatório de impacto ambiental, de solo, de vizinhança. E isso leva muito tempo. Já que tem que ser feito com seriedade. Na área do lixão não se pode construir pelo menos por 20 ou 30 anos. Nas imediações, tem que se fazer um estudo sério”, explica.

Sandra Menezes lembra que o lixão está sendo acumulado naquela região há mais de 35 anos e isso acaba comprometendo os terrenos nas imediações. “Deve haver uma contaminação debaixo do solo. Com tantos anos, certamente o xurume é um risco para o lençol freático”, considera.

A superintendente acredita que não é possível o início da construção do shopping do lixão em tão pouco tempo. “Claro que os estudos detalhados levam meses, e até anos. E ninguém pode simplesmente ignorar as leis existentes. Se o grupo investidor do shopping souber das condições reais deste terreno, certamente terão que encontrar outra área se quiserem começar a construir em menos de um ano”, diz.

O IBAMA poderá interferir no assunto, na condição de órgão de apoio ao Ministério Público Federal.

EMPRESAS JÁ TÊM DENÚNCIAS DE CRIMES AMBIENTAIS

O grupo que anunciou o shopping do lixão é a Aliansce Shoppings Center, que tem mais de 20 shoppings no Brasil e uma de suas acionárias é a americana General Growth Properties (GGP). Outra acionária da Aliansce é a Gávea Empreendimentos, do ex-Ministro Armínio Fraga. Já a Multiplan Empreendimentos tem capital de fundo de pensão canadense, a Ontário Teachers Pension Plan, através da sua subsidiária Cadillac Fairview.
A Aliansce Shoppings Center também administra um shopping em Salvador. De acordo com denúncia feita pelos advogados Celso Ricardo e Domingos Arjones, na TV Itapoan, em 13/03/2008, a empresa construiu o empreendimento em área tombada.

Os advogados exibem uma nota do Instituto de Patrimônio Humano, Arquitetônico e Natural – Iphan, datada de 01/08/2007, que torna uma extensa faixa litorânea de Salvador, como área de preservação. Justamente onde a Aliansce construiu o shopping. Também há denúncia de entulhos, prostituição e consumo de drogas na área administrada pelo shopping.
Outra denúncia que pesa sobre a Aliansce é na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. De acordo com o vereador Ervino Berson (PDT) denuncia o desmatamento de uma extensa área de preservação ambiental.