Periódico é feito por alunos de Farmácia da USP.
A Polícia Civil de São Paulo vai investigar um jornal feito por alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP por suspeita de ele ter incitado outros estudantes a agredir gays. De acordo com a delegada Margarette Barreto, da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), “O Parasita” foi acusado pela Coordenadoria de Políticas da Diversidade Sexual de ter convocado alunos a praticarem crime ao publicar texto no qual oferece convites para uma festa a quem jogar fezes em gays.
“Em tese, o jornal cometeu uma incitação ao crime. Convocou a população a cometer crime e isso será apurado”, afirmou a delegada da Decradi no sábado (24) por telefone ao G1. Se os responsáveis forem considerados culpados, poderão ser presos.
“Não vou investigar se eles cometeram homofobia porque homofobia não é crime. Quem vai apurar se houve homofobia será uma comissão especial da Secretaria da Justiça”, esclareceu Margarette, que deve abrir inquérito na segunda-feira (26).
"Lançe-merdas e Brega será na Faixa – Ultimamente nossa gloriosa faculdade vem sendo palco de cenas totalmente inadmissíveis. Ano passado, tivemos o famoso episódio em que 2 viadinhos trocaram beijos em uma festa no porão de med. Como se já não bastasse, um deles trajava uma camiseta da Atlética. Porra, manchar o nome de uma instituição da nossa faculdade em teritório dos medicus não pode ser tolerado. Na última festa dos bixos, os mesmos viadinhos citados acima, aprontaram uma pior ainda. Os seres se trancaram em uma cabine do banheiro, enquanto se ouviam dizeres do tipo "Aí, tira a mão daí." Se as coisas continuarem assim, nossa faculdade vai virar uma ECA. Para retornar a ordem na nossa querida Farmácia, O Parasita lança um desafio, jogue merda em um viado, que você receberá, totalmente grátis, um convite de luxo para a Festa Brega 2010. Contamos com a colaboração de todos. Joãozinho Zé-Ruela", escreve "O Parasita".
Responsáveis pelo jornal
Ainda, segundo Margarette, a polícia irá tentar identificar e localizar os responsáveis pelo jornal e quem escreveu a nota. “Em 2005, teve problema um problema parecido num jornal de uma faculdade de direito e conseguimos achar os autores”, disse a delegada.
O caso ganhou repercussão e a Defensoria Pública informou que irá denunciar o periódico por homofobia à Comissão Processante Especial da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. Os responsáveis pelo jornal poderão ser punidos com multa se forem considerados culpados.
No sábado (24), a Associação Atlética Acadêmica de Farmácia e Bioquímica da USP, responsável pelas atividades esportivas da faculdade e organizadora da “Festa Brega”, repudiou “O Parasita” e informou que não possui nenhum vínculo com o jornal. O Centro Acadêmico de Farmácia e Bioquímica da universidade e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas também criticaram a postura do periódico e negaram qualquer relação com ele. A USP não quis se pronunciar.
O G1 localizou um dos colaboradores do jornal “O Parasita”, mas ele que não quis comentar o assunto.