Categorias: Saúde

AL: secretaria investiga morte de 9 bebês em única maternidade de alto risco

De acordo com o Sindicato dos Médicos, infecção hospitalar, morte de bebês, falta de médicos neonatologistas e superlotação são problemas comuns na Santa Mônica.

Alagoas24horas

Maternidade Escola Santa Mônica

A Secretaria Estadual de Saúde em Alagoas abriu investigação para saber as causas da morte de nove bebês, no espaço de uma semana, na única maternidade pública para gestantes de alto risco do Estado, a Santa Mônica. De acordo com a direção da unidade, três bebês morreram só no domingo.

Nos prontuários médicos, a causa destas três mortes é apontada como infecção hospitalar. De acordo com o Sindicato dos Médicos, infecção hospitalar, morte de bebês, falta de médicos neonatologistas e superlotação são problemas comuns na Santa Mônica.

Nesta quarta-feira, técnicos da Vigilância Sanitária visitam a maternidade, a pedido da secretaria. “Morreram quatro bebês no domingo. Três por infecção hospitalar. Os outros casos estão sendo investigados. Estamos antecipando para esta quarta-feira os laudos destas mortes, que são divulgados a cada fim de mês”, explicou a diretora da Santa Mônica, Sirlene Patriota.

“É o caos. Há leitos superlotados de bebês, um transmite a doença para o outro, não há médicos neonatologistas suficientes. É um desastre, é para fechar toda a maternidade, o que não só acontece porque as mortes vão aumentar”, diz o presidente do Sindicato dos Médicos, Welington Galvão. “Há médicos que lutam lá não por salários e sim para sair. Não agüentam o inferno. Só o Ministério da Saúde resolve isso”, afirmou.

De acordo com a direção da Santa Mônica, há seis anos é solicitada a ampliação da maternidade, passando de 18 UTIs para 26. A última reforma aconteceu em 2001 e em 2003 era registrada a superlotação.

A superintendente da Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Sandra Canuto disse que a média de bebês mortos na Santa Mônica pode ser considerada alta: 30, por mês. Segundo ela, 80,1% dos casos são por infecção, não do hospital, mas durante a gravidez. “São mães que não fazem neonatal precoce. Alagoas tem a maior taxa de mortalidade infantil do Brasil.

Esses números são muito ligados a assistência pré-natal e às condições de assistência ao parto”, explicou. Em 2007, a morte de bebês na Santa Mônica gerou um pedido, a Justiça, pelo Ministério Público Estadual, de prisão dos secretários estadual e municipal de Saúde. Os problemas continuam. “Falta até sabonete na Santa Mônica. A falta de luvas e outros materiais já é rotina, nem se fala mais”, disse o presidente do Sindicato dos Médicos, Welington Galvão.