‘A Mesa Diretora usou a força para agredir os trabalhadores’, denuncia Ernandi Malta, presidente do sindicato da categoria. Deputado Antonio Albuquerque classificou episódio de ‘espetáculo lamentável’.
Os ânimos entre servidores grevistas do Poder Legislativo de Alagoas e os policiais militares que fazem a segurança da Casa se acirraram na tarde desta terça-feira, 4, durante protesto dos funcionários na porta da Assembleia Legislativa de Alagoas.
Os servidores tentavam impedir a entrada dos funcionários que não aderiram à greve e os policiais, cumprindo determinação da Mesa Diretora, usaram a força para tentar garantir o acesso ao prédio. Segundo denúncia dos servidores, houve agressões verbais e até tapas e empurrões entre polícia e grevistas.
O impasse fez com que a sessão ordinária de hoje não fosse realizada devido a ausência de funcionários no plenário, o que adiou mais uma vez a votação da PEC que modifica o artigo 44 da Constituição de Alagoas, que trata do prazo para realização de licitações pelo Poder Executivo.
“Entendemos a importância da votação da PEC, pedimos desculpas ao governo e a sociedade, mas os trabalhadores não podem mais ser prejudicados. A Mesa Diretora usou a força para agredir os trabalhadores e vários servidores passaram mal", desabafou Ernandi Malta, presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo (SSPLAL).
Ele disse ainda que o sindicato irá pedir o afastamento de um sargento que, pela segunda vez desde que a greve teve início no mês passado, agrediu e ameaçou funcionários. Malta também contou que as duas reuniões realizadas ontem e hoje entre a Mesa Diretora e representantes do sindicato não avançaram. “A greve continua até que haja um entendimento”.
Segundo os grevistas, a implantação do Plano de Cargos e Carreiras na semana passada não foi feita corretamente e também não foram pagos os retroativos dos quinquênios referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março, sem contar com os cortes de anuênios e funções gratificadas, o que fez com que inúmeros servidores tivessem perdas salariais com o plano.
Vários deputados, entre eles Judson Cabral, Rui Palmeira, Paulão e Antônio Albuquerque prestaram solidariedade aos trabalhadores no local. “Policiais e servidores são trabalhadores e o confronto é desnecessário e deprimente, só aconteceu na ditadura. Não quero assistir esse espetáculo lamentável”, disse Albuquerque, pedindo uma solução pacífica para a questão.
“Sei que houve a tramitação do PCC e na hora da aplicação houve desencontros no cumprimento do acordo”, disse o parlamentar ao ser perguntado sobre o que aconteceu durante a aplicação do plano.
O presidente da Casa, deputado Fernando Toledo, disse que os servidores eram baderneiros e acusou a greve de ter motivação política. “O PCC foi implantado, mas alguns casos serão estudados. Todos os equívocos foram pontuais e estão sendo analisados. Também estamos estudando a implantação dos quinquênios”, disse, afirmando que irá recorrer a Procuradoria da Casa e pode tomar medidas judiciais contra a ‘truculência dos servidores’.
Toledo afirmou que só volta a discutir com os servidores quando a ‘baderna’ for encerrada e houver respeito.