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Enterrado corpo de trabalhador morto por engano

Vítima foi atingida quando usava uma furadeira que foi confundida com uma arma.

Agência O Dia

Emoção no enterro do fiscal de supermercado Hélio Barreira Ribeiro morto por engano po policial do Bope, no Morro do Andaraí

Rio – Foi enterrado, na tarde desta quinta-feira, o corpo do fiscal de supermercado Hélio Barreira Ribeiro, 47 anos, morto na quarta-feira após ser baleado por um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope), no Morro do Andaraí, na Zona Norte do Rio. O sepultamento aconteceu na cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio. Hélio Barreira deixou mulher e dois filhos, de 18 e 23 anos.

A vítima foi atingida quando usava uma furadeira que foi confundida com uma arma. Parentes informaram que ainda não foram contatados pelo governo do Estado, que informou estar estudando o pagamento de indenização ou pensão aos familiares. Daniela Alves, presidente da Associação de Moradores Amigos do Andaraí, afirmou que a população está indignada com a postura da polícia.

"Já requisitamos diversas vezes reuniões com as lideranças do Bope para discutirmos uma mudança na postura das operações. Eles revistam mulheres, crianças e idosos e entram na comunidade com violência".

Há 12 anos na corporação e há dez na tropa de elite, o cabo Leonardo Albarello foi indiciado por homicídio doloso (com intenção), mas vai responder pelo crime em liberdade por ter se apresentado à 20ª DP (Vila Isabel).

A mulher do supervisor, Regina Ribeiro, que ajudava o marido a colocar a cortina, contou que foi xingada pelos PMs e obrigada a deitar no chão, com um fuzil apontado em sua direção. Mas ao verem a furadeira, os ‘caveiras’ perceberam o erro e levaram o baleado para o Hospital do Andaraí. Segundo vizinhos, ele já estava morto quando foi socorrido. A PM alega que Hélio ainda apresentava sinais vitais.

Policial fará avaliação psicológica

O tenente-coronel Paulo Henrique informou que, até o caso ir para a Justiça, o cabo Leonardo Albarello passará por uma avaliação psicológica para saber se terá condições de voltar a atuar em operações do Bope na rua ou se ficará restrito a serviços internos. Depois de prestar depoimento por mais de duas horas, o policial deixou a 20ª DP escoltado pelos colegas.

A delegada Leila Goulart, responsável pelo caso, disse que chamará vizinhos de Hélio, que presenciaram a ação do Bope, para prestar depoimento, e não descartou a possibilidade de fazer a reconstituição do crime. “O próximo passo é buscar mais testemunhas, além da esposa da vítima. Também poderemos convocar o policial novamente. Por enquanto, o inquérito vai apurar um homicídio doloso (com intenção), porque, embora tenha sido um erro admitido pelo policial, houve mesmo a intenção de matar”, explicou a delegada.