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Vereadores recebiam diárias em ‘congressos’

Eles foram vistos em bares em pleno horário dos pseudos “congressos”.

Com exceção de Aracaju, todas as Câmaras de Vereadores de Sergipe podem ter feito contrato com a Empresa Brasileira de Eventos e Serviços Ltda (Embraevs), que teria se especializado em promover “congressos” e “seminários” que serviam apenas para garantir viagens e pagamento de diárias. A informação foi passada na manhã de ontem, durante entrevista coletiva a imprensa, pela coordenadora do Departamento Especializado em Combate a Crimes de Ordem Tributária e Contra a Administração Pública (Deotap), delegada Danielle Garcia. Nas imagens feitas durante as investigações, vereadores, dentre eles de Nossa Senhora do Socorro, foram flagrados em bares e áreas de lazer de hotéis em pleno horário dos pseudos “congressos”, enquanto o auditório estava fechado.

O superintendente da Polícia Civil, delegado João Batista dos Santos Júnior, destacou a importância de se combater crimes contra administração pública. “É um crime que lesa toda a sociedade, todo o cidadão”, disse o delegado lembrado que a população pode ajudar a polícia passando informações através do telefone 181 (novo número do Disque Denúncia da Polícia Civil). A investigação que resultou nas prisões dos vereadores Moacir Silva Mota, que é presidente da Câmara de Maruim, e José Fernando Pereira Santos, da cidade de Nossa Senhora da Glória, e do empresário Roberto Almeida Santos Júnior, dono da Embraevs, começou em novembro do ano passado por solicitação do Ministério Público Estadual (MPE) da Comarca de Poço Redondo.

Pelo que foi apurado, a Embraevs atuava junto as câmaras e prefeituras do interior oferecendo seminários e congressos para vereadores e servidores. Segundo a delegada Danielle Garcia, o vereador Moacir Silva Mota era o contador da empresa, enquanto o colega José Fernando tinha como função arregimentar vereadores e servidores para participarem dos eventos fantasmas. A informação é de que a empresa fica com o valor das inscrições, que custavam mais de R$ 300, enquanto os vereadores e servidores públicos se aproveitavam da situação para receber diárias e os custos referentes a viagem e hospedagem.

Para não levantar dúvidas sobre os eventos, a empresa montava a estrutura em hotéis e pousadas das cidades de Paulo Afonso, Feira de Santana e Salvador, na Bahia, e em Cururipe e Maceió, em Alagoas. Em alguns casos, vereadores inscritos nos congressos sequer viajavam, mas mesmo assim recebiam os certificados, documento que servia para justificar o pagamento das diárias. A delegada Nádia Flausino, do Deotap, disse que a polícia apreendeu farto material que será analisado e servirá para identificar os envolvidos no esquema. A exemplo de notas fiscais e de um livro com o registro de todos os certificados emitidos.

As câmaras municipais já foram oficiadas para informar se mantiveram algum tipo de contrato com a Embraevs e em caso positivo informar os nomes dos vereadores que teriam participado dos eventos. “A solicitação é para dar mais celeridade à investigação, mas caso ocorra demora no envio das investigações temos as notas fiscais e outros documentos que servem para identificar os envolvidos”, explicou a delegada Danielle Garcia.

jornaldacidade/se