Categorias: Polícia

Fechamento de pocilgas vira ‘quebra de braço’ entre comunidade e autoridades

Poder paralelo dos traficantes teria determinado reação da população que vive no entorno do Mercado da Produção e cria porcos de forma inadequada.

Alagoas24horas/Arquivo

Adriano Oliveira dos Santos, o Caetano, foi transferido hoje para presídio federal

A ação conjunta do Ministério Público Estadual, com o apoio da Polícia Militar, secretarias de disciplinamento urbano e vigilância sanitária desencadeada na manhã de ontem, dia 22, no entorno do Mercado da Produção ainda repercute entre os moradores e evidenciou o poder dos comandantes do tráfico de drogas na região.

Segundo informações apuradas pela reportagem do Alagoas24horas, os animais pertenceriam a José Júlio de Oliveira, 62, conhecido como Zé Moreno, preso no sistema prisional de Alagoas pelos crimes de tráfico, latrocínio de formação de quadrilha. Zé Moreno, juntamente com o filhos Everton Melo Silva, o Nem Catenga, e Adriano Oliveira dos Santos, o Caetano, são apontados como líderes do tráfico na parte baixa da cidade.

O fechamento de pocilgas e o recolhimento dos animais – que circulam livremente pelas ruas no entorno do Mercado e chafurdam em meio ao lixo – apenas teve início nesta terça, mas já provocou reações dos moradores, que alegam sobreviver da comercialização dos animais. Informações apuradas pela policia, no entanto, dão conta que o protesto realizado na tarde de ontem, com o fechamento da Rua Francisco de Menezes, teria sido orquestrado pelos presidiários, de dentro das unidades prisionais.

O aparato de cerca de 60 homens, inclusive integrantes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), utilizado na apreensão de apenas 20 animais demonstrou que a situação no local era atípica. Três caminhões foram utilizados para levar os animais, que não atendem a qualquer critério da vigilância sanitária e cuja carne é imprópria para consumo humano, segundo os técnicos na Secretaria Municipal de Saúde, que deu apoio logístico à operação.

Em levantamento preliminar do Batalhão de Policiamento Ambiental e Ministério Público Estadual, foi constatado que mais de 300 animais são criados de forma inadequada no local. Os 20 porcos apreendidos ontem foram levados para o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, onde serão avaliados pelos alunos do curso de zootecnia.

Na manhã de hoje, pessoas alegando serem proprietárias dos animais foram ao Centro de Controle de Zoonoses de Maceió para tentar recuperá-los. De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde, já foi informado o reforço do policiamento no local, para evitar conflitos.

A reportagem do Alagoas24horas esteve no Mercado da Produção, onde a operação de ontem foi deflagrada e não localizou nenhum animal à solta. Questionados, os comerciantes não quiseram se manifestar sobre o paradeiro dos porcos.