Renan homenageia Luiz Carlos Maranhão com discurso no Senado Federal.
Devo dizer que este tem sido um ano pesaroso, pesaroso mesmo – mais uma vez, é importante lamentar –, de muitas provações, para o Estado de Alagoas.
No primeiro semestre perdemos três ilustres alagoanos. Dois deles foram Governadores do Estado: Luís Abílio e Geraldo Sampaio. Perdemos também, Sr. Presidente, um importante parlamentar, Albérico Cordeiro, ex-Prefeito de Palmeira dos Índios e ex-Deputado Federal. Tanta falta fazem ao Estado de Alagoas.
Dias antes, em meio às tragédias provocadas pelas enchentes, Alagoas perdeu também o mais alagoano dos pernambucanos, e Pernambuco perdeu o mais pernambucano dos alagoanos. Depois de uma resistência heróica contra o câncer, faleceu, no último dia 23, o empresário e intelectual Luiz Carlos Maranhão, aos 70 anos de idade. Dias depois da morte de Luiz Carlos, veio a falecer também sua esposa. Maranhão, ao lado de seus irmãos, José Carlos, Luiz Ernesto e Severino Carlos, foram – Alagoas sabe – os responsáveis pela expansão e modernização do Grupo Santo Antônio, formado pela Central Açucareira Santo Antônio, em São Luís do Quitunde, e pela Usina Camaragibe, em Matriz de Camaragibe. Essa usina é, graças ao trabalho da família Maranhão, a segunda maior produtora de todo o Nordeste, sendo a única da região a produzir álcool extra neutro, próprio para a fabricação de bebidas e de cosméticos.
Mas esse, Sr. Presidente, não é o único diferencial do Grupo. Além de uma política diferenciadas de defesa do meio ambiente, as usinas do Grupo Maranhão oferecem assistência médica e hospital a todos os funcionários das empresas, notadamente para aqueles que recebem as menores remunerações.
Luiz Carlos Maranhão, além de um empresário empreendedor do setor sucroalcooleiro de Alagoas, irrequieto, era também um contumaz devorador literário. Sua paixão pelos livros, o levou a formar uma biblioteca com um dos maiores acervos, com um dos mais importantes acervos do Estado de Alagoas. Luiz Carlos Maranhão era membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e um dedicado estudioso das histórias de Alagoas e de Pernambuco.
Mais do que seu arrojo em um setor marcado pela tradição, mais do que sua inteligência refinada e erudição, o que todos nós que convivemos com ele vamos guardar para sempre em nossos corações é, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sua natureza extrovertida e alegre. O riso foi sempre farto; a docilidade, extrema. Luiz Carlos Maranhão sempre foi amigo dos seus amigos. Eu mesmo me considerava um amigo de Luiz Carlos Maranhão. Sei que esse temperamento dócil, ao lado de tantas aptidões e talentos, está provocando uma grande lacuna na sociedade alagoana. Sei que esse vazio será ainda mais profundo, muito mais pesaroso para seus filhos que, repito, dias depois da morte de Luiz Carlos Maranhão, perderam também a esposa dele, sua mãe.
Os filhos, pela educação recebida do pai, saberão, Sr. Presidente, multiplicar e dar continuidade às várias obras de Luiz Carlos Maranhão.
Desenvolvimentista convicto, Luiz Carlos Maranhão era também um atento observador da cena política e social de Alagoas. Era um entusiasta de políticas públicas para regiões mais carentes, como o Nordeste, e sua sinceridade não poupava críticas a essas políticas, quando elas se inviabilizavam. Por esses atributos, Luiz Carlos Maranhão, que era engenheiro de formação, em muito pouco tempo, em muito pouco tempo mesmo, transformou-se em um líder do setor sucroalcooleiro.
Luiz Carlos Maranhão era, talvez, Sr. Presidente, a simbiose mais perfeita de um nordestino. Tudo em Luiz Carlos Maranhão era Nordeste, era a pujança do seu povo. Ele próprio trouxe Maranhão no nome, nasceu em Pernambuco, como disse no início do discurso, e radicou-se em Alagoas. Ou seja, Luiz Carlos Maranhão viveu e lutou intensamente o Nordeste em todas as suas atividades.
Portanto, neste momento em que agradeço, mais uma vez, a V. Exª a gentileza, o tempo, gostaria de prestar esta homenagem, em nome do povo de Alagoas, em nome do Senado Federal, a esse grande nordestino, que foi Luiz Carlos Maranhão.