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‘Querem me inibir’, diz presidente Lula

Presidente defende candidatura de Dilma e diz não ser "duas caras".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (16), durante comício da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, no Rio de Janeiro, que há "uma premeditação” para que ele seja afastado da campanha da petista.

“Vocês estão acompanhando a imprensa diariamente. Vocês leem os jornais. Vocês veem televisão. Vocês escutam rádio. E (…) há uma premeditação de me tirarem da campanha política para não permitir que eu ajude a companheira Dilma a ser a presidente da República deste país. Na verdade, o que eles querem me inibir para fingir que eu não conheço a Dilma”, afirmou.

Em seu discurso, Lula disse que não é “homem de duas caras” para fingir que não conhece a candidata do PT. Ele chegou a citar “uma procuradora qualquer” ao sugerir as limitações impostas pela legislação eleitoral de sua participação na campanha da petista.

Nesta quinta-feira (15), a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, disse que abriu um processo de investigação para analisar as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dadas na última terça (13), durante lançamento do edital do projeto do trem-bala entre Rio e São Paulo.

No evento, Lula atribuiu o sucesso do projeto à atuação de Dilma quando ainda era ministra da Casa Civil. “Na verdade, não poderia falar o nome dela por conta da campanha eleitoral, mas a história a gente não pode esconder por conta de eleição. A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV [Trem de Alta Velocidade]”, afirmou.

"Em tese isso seria uso da administração pública em prol de uma campanha, mas eu preciso verificar as mídias [gravações] para ter certeza", disse Sandra Cureau. Segundo ela, a investigação eleitoral que "poderia até chegar à cassação do registro da candidata beneficiada”, declarou.

Em seu discurso no comíco desta noite, o presidente defendeu a ocupação da Presidência pela petista. “Tenho certeza que você pode fazer muito por esse Brasil. E com a força e a vontade desse povo, seja a futura presidente desse país, para que o Brasil experimente pela primeira vez que a mulher não é objeto de cama e mesa, que a mulher é um ser político e que pode fazer mais e melhor do que fizemos durante 500 anos neste país.”

Lula chegou ao comício de Dilma às 19h20, acompanhado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Também participaramm do comício o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PMDB), e lideranças do PT e do PMDB no estado, além de integrantes de partidos coligados.

No primeiro comício da campanha eleitoral, Dilma prometeu investir em favelas com mais programas de habitação. Vestindo calça, blusa preta e blazer, Dilma falou por 15 minutos, logo após o fim do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Vamos investir em favelas com programas de habitação para melhorar a qualidade de vida”, afirmou. A petista disse ainda que "não pode errar" e que vai trabalhar para “honrar todas as mulheres”. “Não vai ser um governo sozinho”, afirmou.

Em sua fala, Dilma disse que o local escolhido por ela para o discurso, no centro do Rio, foi o mesmo onde em 1984 foi realizada uma manifestação em defesa das eleições diretas para presidente da República. Na verdade, a manifestação das Diretas Já ocorreu na Candelária, início da caminhada da petista nesta sexta, e não na Cinelândia, local do comício.

Durante o discurso, a petista ainda alfinetou seu principal adversário, na corrida presidencial, José Serra, ao falar do vice na chapa tucana, o deputado federal Indio da Costa (DEM), escolhido após uma longa disputa entre tucanos e democratas. “Eu tenho um vice-presidente que não é improvisado”, afirmou. O deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), vice de Dilma Rousseff, estava no palanque, mas não discursou.