A escolha favorecia uma parcela de passageiros.
Dados do tráfego aéreo nacional revelam que a Gol priorizou o cancelamento de voos regulares, em vez dos fretados, na tentativa de contornar a crise de falta de tripulação desta semana. A escolha favorecia a empresa e uma parcela de passageiros. Mas, para especialistas do setor, isso colaborou para os transtornos registrados nos aeroportos entre 31 de julho e o último dia 3.
No começo desta semana, vários voos da companhia aérea Gol atrasaram em razão de erro na escala de trabalho dos tripulantes. A Anac anunciou multa à companhia, que também é acompanhada pelo Ministério Público Estadual e Ministério Público do Trabalho. Trabalhadores informaram ao G1 que a situação de trabalho não melhorou.
Nos quatro dias em que a Gol registrou atrasos, conforme números obtidos pela reportagem de "O Estado de São Paulo", a companhia tinha programado 6.630 movimentos (pousos ou decolagens) de voos regulares, dos quais 640 (10%) tiveram de ser cancelados. No mesmo período, a Gol previa realizar 288 movimentos de fretados. Deixou de realizar 12, ou seja, 4,1%.
O exemplo mais nítido dessa opção da empresa ocorreu na segunda-feira (2), no auge da crise. Naquele dia, a previsão era de que os aviões da Gol efetuassem 1.589 movimentos no país.
Desses, 155 deixam de ocorrer. A programação de fretados também era elevada: 77 chegadas e 65 partidas, 142 movimentos no total. Registros oficiais mostram que, nessa data, um movimento de fretado da Gol foi cancelado.
A Gol diz que, por não serem regulares e estarem em minoria na malha, o cancelamento de fretados causa mais transtorno aos passageiros, uma vez que eles não podem ser acomodados em outros voos. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".