Roberto Estêvão ainda ironizou resultado do inquérito militar da corporação.
O major Roberto Estevão dos Santos – que foi indiciado no inquérito do Corpo de Bombeiros Militar – disse estar sendo vítima de perseguição dentro da corporação. Estevão foi o responsável pela denúncia do desvio de donativos ao Ministério Público Estadual. O fato intrigante é que o Inquérito Policial Militar difere completamente do entendimento da Polícia Civil de Alagoas e do Ministério Público Estadual.
O inquérito militar foi finalizado ontem. Na manhã de hoje, o major Roberto Estevão esteve na sede do Ministério Público Estadual (MPE) de forma espontânea e falou com a imprensa sobre o assunto. O major foi irônico ao afirmar que o responsável pelo inquérito do Corpo de Bombeiros – o coronel Cruz – “está se perdendo dentro da corporação diante do talento para investigação”.
De acordo com ele, o coronel “descobriu a pólvora”. “Ele é um homem muito inteligente, pois como investigador, ele sozinho conseguiu chegar a uma conclusão que nem a Polícia Civil, nem o Ministério Público possui”, ironizou, afirmando ainda que o coronel deveria ser aproveitado para desvendar grandes crimes. Roberto Estevão disse ainda temer pela própria vida e alegou inocência.
Ao falar sem ironias, ele confirmou que foi o oficial que flagrou o desvio de donativos na corporação e acabou sendo punido por isto. “Há perseguição. Os acusados assumiram o crime, depois negaram e hoje me acusam. Eles arrumaram um soldado para me acusar. A coisa é tão mal feita que o soldado não lembra nem do dia em que estava de serviço. Eu espero que a Justiça investigue isto. A armação é muito grande. Eu pedi explicações sobre o que estava acontecendo com os donativos e de repente virei o criminoso”, colocou ainda.
Roberto Estevão disse que está andando com colete e não mais está com a família por conta da situação. “Eu só tomei conhecimento dos crimes que estão me acusando por meio da imprensa. Não tive nem oportunidade de me defender dentro da corporação”, colocou. Ao ser indagado se estaria arrependido de ter feito a denúncia, o oficial disse que não.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Neitônio Freitas, o inquérito foi concluído nesta quinta-feira, 12, e será remetido à Justiça Militar. O inquérito militar isenta ainda o tenente Ederaldo dos Santos Gomes e o coronel Josivaldo Feliciano de Almeida no desvio de donativos e indicia o capitão Renivaldo de Lima Barbosa e o major Estêvão pelo desvio dos donativos.
Questionado sobre o indiciamento do oficial responsável pela denúncia de desvio formalizada no Ministério Público, o comandante dos Bombeiros informou que há indícios de desvio de donativos também envolvendo o major Estêvão. “O encarregado do inquérito policial militar entendeu que há indícios também de que o major Estêvão desviou donativos. Ele [major] foi indiciado por peculato e desacato ao superior. Quanto ao tenente e o coronel, o encarregado entendeu que eles tomaram todas as medidas diante dos fatos”, explicou coronel Neitônio.
O coronel alegou, ainda, que o indiciamento do major foi baseado em provas materiais e testemunhais e descarta que tenha sido algum tipo de represália pela repercussão nacional do desvio de donativos. “O caso foi apurado e há no processo provas testemunhais de que o major desviou donativos. Os crimes levaram ainda em consideração o fato dele ter usado da condicionante de responsável pelos donativos para desviar. Agora, o processo vai para a Justiça Militar para dar continuidade ao processo”, completou.
O secretário de Defesa Social, Paulo Rubim, não teceu comentários sobre a diferença nos indiciamentos pelos procedimentos investigativos instaurados pelo inquérito militar e o MP. Ele destacou novamente que o fato do major Estêvão ter sido transferido da sede do Corpo de Bombeiros para o gabinete dele na SDS não se trata de proteção, apenas preservação, e que caso ele tenha cometido o erro vai ter que pagar por isso. “Vamos investigar tudo. Se tiver alguma armação ou se o major praticou o crime vamos investigar. Se ele tiver mesmo desviado vai ter que pagar pelo crime”.