Santa Mônica leva prática a outras unidades maternais
Pioneira na prática do banho humanizado em bebês prematuros, em Alagoas, a Maternidade Escola Santa Mônica (MESM), através dos profissionais, leva a experiência para outras maternidades públicas e privadas do Estado, com o objetivo de proporcionar o bem estar dos bebês. Pesquisa desenvolvida pela equipe multidisciplinar da enfermaria Canguru constatou que o método proporciona melhor resposta adaptativa do recém-nascido de baixo peso ao ambiente, e ainda promove a organização dos sistemas motores e fisiológicos.
Segundo Fátima Mascarenhas, gerente do setor de terapia ocupacional da MESM, o Ministério da Saúde já preconiza o banho, mas ainda são poucas as unidades maternais que utilizam o método. “Nós implantamos o banho humanizado na enfermaria Canguru na tentativa de solucionar um problema diário de muito choro durante o horário do banho dos recém-nascidos, e deu muito certo”, disse.
Ela explicou que entre os objetivos do método Canguru estão o aleitamento materno exclusivo, fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê e ganho de peso. Com o estresse e o choro do momento do banho os bebês comprometiam o ganho de peso. O banho humanizado, ao contrário, tornou-se um momento de prazer e relaxamento, contribuindo para o desenvolvimento sadio do recém-nascido.
A equipe da enfermaria Canguru já fez sensibilização, através de palestras e demonstração, em duas maternidades do município de Arapiraca e uma maternidade particular de Maceió. “O objetivo é difundir o método que foi implantado com sucesso na Santa Mônica. Além disso, nós envolvemos as mães, e estas, à medida que se sentem seguras, dão banho nos filhos e levam a prática para casa”, destacou a enfermeira Rita Aguiar.
O processo do Banho Humanizado é tranqüilo e admirável. Como os bebês são prematuros e estão abaixo do peso, o banho é realizado em dias alternados. Antes de iniciar o procedimento, no entanto, o primeiro passo é observar o estado do bebê. Ele não pode estar em sono profundo, com fome ou estressado (chorando). “Isto é o que preconiza a intervenção da terapia ocupacional com recém-nascidos prematuros, respeitando o estado comportamental de cada um”, salienta Fátima Mascarenhas.
O segundo passo é preparar o bebê. Com tranqüilidade, toda a roupa deve ser tirada e o bebê é ‘envelopado’ – isso mesmo, ele é enrolado em formato de envelope até a altura do pescoço. Neste passo, as perninhas ficam flexionadas e os braços dobrados na altura da cintura.
Depois de enrolado o bebê é levado à banheira. A água deve estar a uma temperatura de 36,5º a 37º, o ar condicionado deve ser desligado, bem como todas as entradas de ar direcionadas à banheira devem ser cortadas e as luzes devem ser desligadas. “cada detalhe contribui para o sucesso do banho, e caso sejam ignorados pode acarretar estresse e comprometer o ganho de peso”, salienta a terapeuta ocupacional.
Todos os detalhes verificados, o bebê é colocado na banheira, de modo que o corpo fica submerso até o pescoço, evitando a perda de calor do corpo. Assim o banho é iniciado pelo rosto, sem sabão, com bolas de algodão – uma para cada área. Primeiramente os olhos e, na sequência, bochechas, as narinas e orelhas.
O pescoço, os membro superiores, tórax, costas e membros inferiores são ensaboados nessa ordem, e à medida que isso vai acontecendo, o pano vai sendo desenrolado aos poucos. A região genital é ensaboada, removendo o sabão com algodão.
Um detalhe muito importante, é que o banho mesmo sendo tranqüilizador não pode ser muito demorado, pois a temperatura da água vai se alterando com o passar do tempo. “Tantos os profissionais quanto as mães percebem a evolução diária do bebê no método canguru e reconhecem a contribuição positiva do banho, momento que não enfrentamos mais o estresse dos recém-nascidos. Por tudo isso consideramos relevantes que outras maternidades utilizem essa prática”, finalizou Fátima.