Programação especial prossegue até o dia 24.
Na próxima terça-feira, 24 de agosto, o Museu Théo Brandão encerra em grande estilo as comemorações do Mês do Folclore Ranilson França. A partir das 17 h, haverá a cerimônia de outorga do título de Doutor Honoris Causa à Ariano Suassuna, a entrega do Prêmio Gustavo Leite aos artesãos Geraldo Dantas e Vicente Ferreira, além do lançamento do livro Do Belo Monte das Promessas à Canudos destruída: o drama bíblico na Jerusalém do sertão. Ao final da cerimônia, haverá apresentação do grupo Baque Alagoano.
A concessão do título de Doutor Honoris Causa à Ariano Suassuna foi uma iniciativa do Museu Théo Brandão, que fez a proposta a reitora da Ufal, a qual aceitou e submeteu o assunto à apreciação dos órgãos superiores da Universidade, sendo a proposta de concessão do título aprovada pelos conselheiros. “Acho que teria que ser o Museu a fazer essa proposta, por conta da sua tipologia, haja visto Ariano ser o maior arauto da cultura brasileira, e ser o Museu, um órgão voltado para a guarda, a resignificação e os valores desta cultura, particularmente da cultura alagoana”, disse Leda Almeida, diretora do Museu Théo Brandão.
A concessão desse título, que é o mais alto da Ufal, foi criada durante a Idade Média, juntamente com o surgimento das universidades. É um ritual que se mantém até hoje com o mesmo formato. Só é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos, a exemplo de Lêdo Ivo, Paulo Freire, entre outros.
Além da entrega do título, o Museu Théo Brandão realizará, pelo sétimo ano consecutivo, a entrega do Prêmio Gustavo Leite ao melhor artesão do ano. O evento, que já faz parte do calendário festivo da universidade, tem o objetivo de reconhecer o talento de artistas populares de Alagoas. Parte das esculturas de Geraldo Dantas e das pinturas de Vicente Ferreira estão à mostra no Museu Théo Brandão, até o próximo dia 31, na exposição intitulada Entre cores e formas.
Os ganhadores do prêmio, em 2010, têm estilos diferentes, mas ambos fazem parte do universo da cultura popular nordestina. O cearense, radicado em Maceió, Vicente Ferreira, além de pintor, é cantor de forró. O artista diz que gosta de pintar principalmente o folclore, a natureza e o patrimônio histórico da cidade. As pinceladas contidas com muitas cores seguem a linha do figurativo, com a representação de folguedos populares, religiosidade e cidades do interior. Seu trabalho tem uma curiosa semelhança com o bordado, provavelmente uma de suas fontes inconscientes de inspiração, já que em Alagoas existe a tradição das bordadeiras.
Já o artista Geraldo Dantas, de Arapiraca, interior do estado, faz esculturas em madeira de pequeno, médio e grande porte. São santos e anjos ornamentados com flores e árvores. Apesar de nunca ter estudado arte, seu trabalho revela fortes aspectos do barroco, como o rebuscamento das figuras e o espírito contraditório, permeado por dilemas existenciais e espirituais.