O projeto Salt Mambembe, do Instituto Sal da Terra (Salt), tem levado informação e conscientização aos pequenos agricultores e pecuaristas do interior sobre o voto livre.
Uma iniciativa pioneira em Alagoas tem levado informação e conscientização aos pequenos agricultores e pecuaristas do interior sobre o voto livre e a segurança da urna eletrônica no processo eleitoral. Pesquisa recente divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AL) revela que 72% dos eleitores são analfabetos. Assim, ao invés da simples distribuição de panfletos e cartilhas educativas, o teatro mambembe vai às feiras livres.
O projeto Salt Mambembe do Instituto Sal da Terra (Salt) é uma ONG que há três anos trabalha a consciência crítica dos alagoanos com fins na construção de uma realidade melhor, tem percorrido os municípios do interior a exemplo do último final de semana, no qual apresentaram a peça intitulada ‘Democracia’ em Batalha, Carneiros, Piranhas, Pariconha, Cacimbinhas, Major Izidoro, Pão de Açúcar, Santana do Ipanema e Olho D´Água das Flores.
O diretor administrativo do Instituto, João Luis Valente, explica que até o último pleito as campanhas dirigidas à população enfatizavam a punição para eleitores que vendem o voto como forma de coibir a corrupção eleitoral. “Essas campanhas apenas tornavam claro que o eleitor era o grande vilão do processo eleitoral e deveria ser punido. O que não surte muito efeito, tendo em vista que os eleitores sabem que os políticos não vão parar de oferecer benefícios materiais em troca do voto. Quem está passando fome e desamparado, sem poder contar com os serviços de saúde, não vai dispensar uma consulta médica, nem comida, ninguém diz não”, disse Valente.
Pesquisa Ibope encomendada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), divulgada nesta terça-feira, indica que 85% dos brasileiros são a favor da Lei da Ficha Limpa. No entanto, 54% dos entrevistados afirmaram que não denunciariam crimes eleitorais e 13% disseram que votariam em um candidato que oferece benefícios materiais em troca do voto.
Por este motivo a ONG resolveu fazer uma campanha com informações sobre a segurança do voto na atualidade. “Sabemos que ainda existe a relação de dependência entre os pobres e os patrões, por exemplo, os famosos currais eleitorais. Sabemos que isso não vai mudar. Por isso, transmitimos a informação de que a urna eletrônica é confiável, que podemos votar em que quisermos, sem medo. Queremos que o eleitor se sinta dono do seu voto, tenha compromisso consigo e confie no sigilo da urna”, afirma o diretor da ONG.
A peça “Democracia”, conta a história de “seu João” que não acredita em política e afirma que vai trocar o voto por dinheiro de um candidato. O grande barato da peça é mostrar que ele pode dizer sim aos candidatos, aos patrões, aos donos das fazendas, mas na hora de votar é ele quem decide. A linguagem fácil, regional faz o público se aproximar do tema e ficar atento às informações. “No primeiro momento o público acha que estamos fazendo campanha para político, depois se surpreendem quando abordamos a triste realidade do estado, e logo estão concordando e aplaudindo”. ressalta João Valente.
As próximas apresentações do grupo vão acontecer no sábado (25), domingo (26) e segunda–feira (27) nas feiras livres de Palmeira dos Índios, Viçosa e Cajueiro; Atalaia, Boca da Mata e Maribondo, Arapiraca e São Miguel dos Campos.
A ONG conta com o apoio da Associação dos Magistrados de Alagoas (Almagis), Serviço Social da Indústria (Sesi), Igreja Católica e Escola Judiciária do TRE. As apresentações são acompanhadas por um representante da Justiça Eleitoral.