Avaianos estão próximos do Z-4
Iluminado, Conca decide, Flu derrota o Avaí e continua soberano na ponta
Em jogo difícil, Tricolor derrota os catarinenses por 1 a 0 e seguem fortes na primeira posição. Avaianos estão próximos do Z-4
Por Richard Souza
Volta Redonda, RJ
imprimir Difícil imaginar como tanto talento cabe em 1,67m e 57kg. A boa fase de Conca é tão evidente que mesmo quando não é brilhante o argentino consegue decidir. Nesta quarta-feira, em jogo complicado contra o Avaí, o capitão, o craque do time, mais uma vez apareceu. Não foi com uma de suas espetaculares assistências, mas com um gol salvador, aos 37 do segundo tempo. Gol para manter a liderança na 26ª rodada do Brasileirão. A vitória por 1 a 0 deixa o Fluminense com 51 pontos, firme no primeira posição.
A cidade de Volta Redonda, distante cerca de 120 km do Rio, acolheu o time de Muricy Ramalho. Fez a equipe não sentir falta do Maracanã, que está fechado para as obras da Copa do Mundo de 2014. Ao contrário do Engenhão, local onde Flu tem mandado seus jogos, os jogadores foram abraçados por quase 12 mil pessoas. Apoio reconhecido. No fim do jogo, Muricy pediu ao grupo que fosse ao meio-campo para agradecer.
O Avaí continua ameaçado pelo rebaixamento. Precisa correr, apressar o passo. Os catarinenses têm 28 pontos, estão 16º, apenas uma posição à frente da zona de rebaixamento.
As duas equipes voltam a jogar no próximo sábado. O Fluminense visita o Grêmio Prudente, no Prudentão, às 16h. Às 21h, o Avaí recebe o São Paulo, na Ressacada.
Confira a classificação do Campeonato Brasileiro
Flu pena contra um Avaí à vontade
Soberano, mas vulnerável. Agressivo e ao mesmo tempo pressionado. Foi um Fluminense com duas caras. Uma cheia de iniciativa, que praticou o jogo ofensivo, com apetite. A outra acanhada, instável na hora de defender, até certo ponto displicente. O torcedor de Volta Redonda que saiu de casa para apoiar gostou muito da primeira. Aplaudiu a categoria de Deco, os passes de primeira, a maneira como ele aconchega a bola nos pés ao invés de dominá-la. Agitou-se com as cobranças de falta de Conca para a área. Logo na primeira, aos três minutos, o grito de gol quase pulou da garganta. Pelo lado direito, o argentino alçou na segunda trave, e o zagueiro Leandro Euzébio escorou de cabeça. A bola passou por Washington e Rodriguinho, na boca do gol, e se perdeu pelo lado direito.
O Avaí fez os tricolores se calarem por mais de uma vez. Davi, Jeferson, Robinho e Marcelinho se multiplicaram em campo, correram muito e foram perigosos nos contra-ataques. Aos sete, Julio Cesar afastou mal de cabeça e armou o ataque dos catarinenses. Marcelinho recebeu na frente e arriscou, à direita do gol de Rafael.
A torcida não gostou do lado esquerdo da defesa. Nem Muricy. Por mais de uma vez, o treinador chamou Julio Cesar, substituto do supenso Carlinhos, e Fernando Bob para uma bronca ao pé do ouvido. Gesticulou indignado. Também falou com Darío Conca e Deco. O luso-brasileiro orientou o lateral-esquerdo e o volante e também teve de voltar para ajudar a fechar espaços naquele setor. Conca tentou algumas arrancadas, caiu pela direita, acionou Mariano, mas continuava perigoso na bola parada. Aos 13, cobrou falta cheia de veneno, Washington raspou de cabeça, e Zé Carlos salvou o Avaí com os pés.
Os avaianos respondiam com velocidade, em subidas que perturbavam a defesa do Fluminense. Novamente pela direita, Marcelinho tabelou com Robinho e cruzou rasteiro. Davi pegou de primeira, mas Gum desviou. Os visitantes perderam o volante Rudnei, machucado. O técnico Édson Santos colocou Marcos.
O goleiro Rafael deu dois sustos nos companheiros e no público: uma saída estranha com as mãos e uma reposição errada com os pés. Mas ele também foi importante. No momento em que o Tricolor pouco passava da linha que divide o gramado, conseguiu evitar o pior. Após falha de Leandro Euzébio na entrada da área, Marcelinho (ele outra vez!) pegou de primeira, rasteiro. O camisa 1 salvou no reflexo, aos 20. Mais tarde, Marcos recebeu pela direita, invadiu a área sem problemas e bateu cruzado. Rafael espalmou novamente.
Bem marcado, o meio-campo de Muricy Ramalho esteve sem criatividade, desequilibrado. O time só conseguiu ser perigoso outra vez em uma cobrança de escanteio, aos 34. Conca cobrou, o zagueiro Gum escorou de cabeça, e Zé Carlos, no canto, defendeu. Foi lucro para o Fluminense ir para o intervalo com o empate. No último lance de perigo da primeira etapa, já nos acréscimos, Marcelinho recebeu em posição legal pela esquerda e chutou rente à trave de Rafael. A arbitragem marcara impedimento.
Quem tem Conca, tem tudo
Enquanto subiam cada degrau da escada de acesso ao campo, os jogadores do Fluminense ouviram a todo volume pelo sistema de som do Raulino de Oliveira que o Corinthians marcara um gol sobre o Botafogo, no Pacaembu, logo aos três minutos de jogo. O Tricolor começava o segundo tempo como vice-líder do Brasileirão. O time voltou com Valencia no lugar de Fernando Bob, que não fez um bom primeiro tempo, e renovou o ímpeto. Voltou a buscar os avanços dos laterais. Ora com Mariano pela direita, ora com Julio Cesar pela esquerda. Os cruzamentos quase sempre passavam por Washington ou eram afastados pela zaga avaiana. Aos nove, Deco cobrou escantio, e Leandro Euzébio, que já fez cinco gols no campeonato, cabeceou para a defesa de Zé Carlos.
O Avaí continuou apostando nos contra-ataques, mas não conseguia mais ter tantos espaços. Marcelinho, aberto pela esquerda, era a melhor opção. Apesar de não ser muito alto, é forte, faz bem o jogo de corpo e incomoda os defensores.
Discretos, Conca e Deco tentaram despertar. Em bonita tabela na entrada da área, o argentino devolveu para o camisa 20, que mirou Washington. A zaga não deixou a bola chegar e afastou. Na cobrança de escanteio, Leandro Euzébio subiu sozinho, mas cabeceou pra fora. Era a hora de a torcida começar a jogar. Primeiro foram os gritos de “time de guerreiros”, depois pedidos pela entrada do meia Marquinho e por último a aplicação de um cartão amarelo. Pois é. Torcida também aplica cartão. Quando o goleiro Zé Carlos demorou nas reposições de bola, os tricolores chiaram, e o árbitro Luiz Flávio de Oliveira concordou. Se não dava para vibrar com um gol do Flu, que fosse com um do Botafogo. No Pacaembu, o empate do Alvinegro com o Corinthians, ainda no primeiro tempo, devolvia a liderança ao time das Laranjeiras.
Assim como o árbitro, Muricy ouviu os torcedores. Aos 23, chamou Marquinho para o lugar de Deco, que deixou o campo aplaudidíssimo. O Avaí também mudou. Jeferson deu lugar a Roberto. Os catarineneses chegaram na bola parada. Pará cobrou rente à trave, aos 29. O Fluminense só voltou a criar depois dos 30 minutos. Conca fez o corta-luz, e a bola sobrou para Mariano. O lateral soltou a bomba e assustou Zé Carlos.
Mesmo no dia em que não é brilhante, o argentino consegue decidir. Difícil dizer o quanto brilha a estrela de Conca, o quanto este jogar é importante para o Fluminense. No segundo tempo, o camisa 11 deixou as cobranças de escanteio para Deco e depois Marquinho. Talvez para se poupar, ou quem sabe para surpreender. Aos 37, Marquinho cobrou, Gum escorou de cabeça, na primeira trave, e o argentino, livre na segunda, bateu de esquerda para abrir o placar. O rei das assistências do Brasileirão (tem 16) também é matador: 1 a 0. O jogo do Corinthians não importava mais. O Fluminense continua firme na ponta.
globo.com